O torto arado foi-me oferecido por uma amiga da minha mãe, dizendo-me que eu ia gostar muito. Não se enganou. É um livro do autor barsileiro Itamar Vieira Júnior, e como muita literatura barsileira que tive o prazer de ler, tem uma linguagem doce, cantada e encantada.
A história começa de forma violenta, macabra. Duas irmãs, crianças, brincam com uma faca e cortam a língua sendo que, para uma delas, o corte é fatal e não mais volta a falar, senão pela voz da sua irmã.
A obra espelha a vida dura dos trabalhadores das fazendas do Brasil, os contrastes entre a gente humilde e os senhores, proprietários que exploram a mão de obra do povo, após a escravatura. Mas nas entrelinhas surge a questão: acabou mesmo a escravatura? Oficialmente sim, mas na verdade a condição humana, na forma como nos é apresentada, não.
Gostei de ler sobre a vida simples, despida de adornos, sobre a condição do povo, cuja riqueza está nas suas crenças e tradições. Gosto do misticismo irracional das gentes e das almas antigas. Gosto do amor retratado de forma visceral, quase sem sentido, tão diferente da realidade dos filmes ou da nossa sociedade.
Esta obra espelha a também a aceitação de quem se é, de como se vive, a prisão da realidade. É um livro feito de escolhas e de tragédias da vida, que reflete a História do Brasil e do seu povo, nas profundezas rurais.
O enredo é cativante, o ritmo cálido e lento e a linguagem agradável. Quando terminei senti saudades de ler Jorge Amado.
O torto arado foi-me oferecido por uma amiga da minha mãe, dizendo-me que eu ia gostar muito. Não se enganou. É um livro do autor barsileiro Itamar Vieira Júniro, e como muita literatura barsileira que tive o prazer de ler, tem uma linguagem doce, cantada e encantada.
A história começa de forma violenta, macabra. Duas irmãs, crianças, brincam com uma faca e cortam a língua sendo que, para uma delas, o corte é fatal e não mais volta a falar, senão pela voz da sua irmã.
A obra espelha a vida dura dos trabalhadores das fazendas do Brasil, os contrastes entre a gente humilde e os senhores, proprietários que exploram a mão de obra do povo, após a escravatura. Mas nas entrelinhas surge a questão: acabou mesmo a escravatura? Oficialmente sim, mas na verdade a condição humana, na forma como nos é apresentada, não.
Gostei de ler sobre a vida simples, despida de adornos, sobre a condição do povo, cuja riqueza está nas suas crenças e tradições. Gosto do misticismo irracional das gentes e das almas antigas. Gosto do amor retratado de forma visceral, quase sem sentido, tão diferente da realidade dos filmes ou da nossa sociedade.
Esta obra espelha a também a aceitação de quem se é, de como se vive, a prisão da realidade. É um livro feito de escolhas e de tragédias da vida, que reflete a História do Brasil e do seu povo, nas profundezas rurais.
O enredo é cativante, o ritmo cálido e lento e a linguagem agradável. Quando terminei senti saudades de ler Jorge Amado.
Foi num momento muito especial da minha vida que descobri Isabel Allende, que passou a ser minha escritora de eleição.
A primeira obra que li da autora foi A Casa dos Espíritos, um estrondoso sucesso, mas foi o romance Filha da Fortuna um dos melhores livros que tive o prazer de ler.
É uma obra marcante por vários motivos: pelo seu estilo narrativo, pelo contexto histórico que a autora retrata, pela densidade das personagens construídas e pelo detalhe na descrição de espaços e lugares.
De facto, cada personagem e cada situação são cuidadosamente inseridos e desenvolvido sem pressa, tornando a sua leitura bastante agradável.
Desta vez, a escritora coloca os holofotes voltados para Eliza Sommers, uma recém-nascida abandonada em frente à casa dos irmãos Sommers: Jeremy, o chefe da família, um homem de negócios rigoroso; John, capitão de uma embarcação, sempre no mar; e Rose, uma jovem que recusou a escravidão da vida conjugal e que insiste para que a menina seja adotada. O crescimento e educação de Eliza ficam, assim, divididos entre os privilégios da educação anglo-saxónica que lhe é transmitida e, ao mesmo tempo, pela magia, simplicidade e prazeres dos sentidos que são passados por Mama Fresia, a cozinheira da casa.
Na fronteira incerta entre estes dois mundos muito diferentes, Eliza vive uma paixão proibida com Joaquìn Andieta, empregado da casa, que decide partir para a Califórnia no período da “febre do ouro” para fazer riqueza a casar com Eliza.Esta fica desolada ao descobrir uma gravidez inesperada e decide também ela arriscar a sua vida em busca do seu amor. É neste longo caminho que a menina se faz mulher.
Ao longo da narrativa, a personagem de Eliza é totalmente desconstruída, tornando-se numa mulher fascinante e inspiradora, quebrando com todos os conceitos femininos da época e assumindo quem ela realmente é, sem se importar com o que vão falar ou pensar.
De uma forma muito subtil, Isabel Allende utiliza a protagonista da história para valorizar a figura feminina. O conceito de mulher como “sexo frágil” é totalmente quebrado na obra, com personagens femininas que não aceitam ter um papel pré-definido na sociedade e querem acima de tudo, ser elas mesmas, donas de suas próprias decisões.
Li e reli várias vezes esta obra, que para mim, mais do que narrar a fuga de uma mulher cheia de paixão em busca do seu amor é, na realidade, a fuga de uma mulher em busca de si, uma prova de resistência às adversidades de um mundo marcadamente masculino, onde apenas homens poderiam triunfar.
Li o livro As velas ardem até ao fim do escritor húngaro, Sándor Márai. É a história de Kenrick e Konrad, dois amigos, separados há 41 anos e que se reencontram num jantar onde a revelação sobre os acontecimentos que os separaram se impõe.
Uma dança entre um diálogo urgente, onde as palavras são uma forma de libertação e um silêncio também ele revelador.
O enredo condensa-se num só dia, o do esperado reencontro, o que prende o leitor à história e lhe cria uma certa inquietação em relação ao desenlace.
Este é um romance sobre a amizade e a traição. Um questionamento que nos perturba e nos seduz…
Este foi um dos livros que recentemente li e adorei. Possuindo uma linguagem elegante, com uma cadência perfeita entre a narrativa e ação, o leitor é levado por uma prosa extremamente bem delineada, diria quase perfeita. A sua forma de escrever faz-nos sentir e viver o papel da figura central deste livro, Stevens, mordomo distinto, ao serviço dos seus diferentes 'cavalheiros' e responsável pela gestão da casa senhorial em diferentes aspetos. O mesmo vê-se imerso no bulício da política europeia após a 1.ª Guerra Mundial e entre as convulsões geopolíticas vividas, fruto da sua tarefa. A escrita usada por Kazuo permite enquadrar sempre a narrativa, de tal forma que o leitor seja capaz de ver coisas e adivinhar coisas que o protagonista não pode, tendo como notas deliciosas o típico humor inglês que agradará o leitor mais sisudo.
Um livro que recomendo vivamente e que, após a sua leitura, necessita do visionamento da sua adaptação para filme com o título original 'Remains of the Day', protagonizado por Anthony Hopkins e Emma Thompson, em 1993.