Han Kang
Han Kang
BMN
821.134.3-3 COR - EBNEL3288
821.134.3-3 COR - ESNEL6273
821.134-3 COR - EBNEL 6067
Ed. Cavalo de Ferro
Ed. Cavalo de Ferro
OS ANOS
Annie Ernaux
Ed. Livros do Brasil
O ACONTECIMENTO
Annie Ernaux
Ed. Livros do Brasil
UMA PAIXÃO SIMPLES
Annie Ernaux
Ed. Livros do Brasil
Obra imortal
1572- Os Lusíadas
Lírica
1595 – Amor é fogo que arde sem se ver
1595 – Eu cantarei o amor tão docemente
1595 – Verdes são os campos
1595 – Que me quereis, perpétuas saudades?
1595 – Sôbolos rios que vão
1595 – Transforma-se o amador na cousa amada
1595 – Sete anos de pastor Jacob servia
1595 – Alma minha gentil, que te partiste
1595 – Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades
1595 – Quem diz que amor é falso ou enganoso
Teatro
1587 – El-Rei Seleuco
1587 – Auto de Filodemo
1587 – Anfitriões
Por Dilva Frazão
Biblioteconomista e professora
Biografia de Luís de Camões
Luís de Camões (1524-1580) foi um dos maiores poetas nacioanis e autor do da obra "Os Lusíadas", uma das mais importantes da literatura portuguesa, que celebra os feitos marítimos e guerreiros de Portugal.
É o maior representante do Classicismo Português.
O Poeta e o Soldado
Em 1544, com 20 anos, deixou as aulas de teologia e ingressou no curso de filosofia. Já era conhecido como poeta. Nessa época, compôs uma elegia à Paixão de Cristo, que ofereceu a seu tio. Seus versos revelam que ele estudou não só os clássicos da Antiguidade como os humanistas italianos.
Em 1544, com 20 anos, encontra-se com D. Catarina de Ataíde, dama da rainha D. Catarina da Áustria, esposa de D. João III e, desse encontro nasce uma ardente paixão, mais tarde imortalizada pelo poeta, que se referia à dama do paço, com o anagrama “Natércia”.
Nessa época, a intelectualidade nacional era incentivada, sobressaindo-se escritores, pensadores e poetas, como Sá de Miranda e o próprio Camões.
Num sarau, seguido de um torneio poético, o espanhol Juan Ramon, sobrinho de um professor da Universidade, sentiu-se ofendido por causa dos versos de Camões.
Seguiu-se um duelo e o espanhol saiu ferido, o que terminou na prisão do poeta, sob o protesto dos estudantes. No final de muitas discussões, Camões é perdoado, com a condição de ser desterrado durante um ano em Lisboa.(…)
Luísa Ducla Soares nasceu em Lisboa a 20 de julho de 1939. É licenciada
em Filologia Germânica pela Universidade Clássica de Lisboa. Dedicada
especialmente à literatura para crianças e jovens, em prosa e poesia,
publicou mais de uma centena de obras neste domínio. Muitos dos seus
poemas foram musicados, tendo sido editados em diversos CD.
Desenvolve regularmente ações de incentivo à leitura junto de escolas e
bibliotecas. Participa frequentemente em colóquios e encontros,
apresentando conferências e comunicações sobre problemáticas
relacionadas com os jovens e a leitura e sobre literatura para os mais
novos.
Prémios:
Recusou, por motivos políticos, o Grande Prémio de Literatura Infantil
com que o Serviço Nacional de Informação pretendeu distinguir o seu
livro História da Papoila, em 1973.
Recebeu o Prémio Calouste Gulbenkian para o melhor livro do biénio
1984-1985 por Seis Histórias às Avessas e foi galardoada com o Grande
Prémio Calouste Gulbenkian pelo conjunto da sua obra, em 1996. Foi
candidata de Portugal ao Prémio Andersen.
Em 2004 foi escolhida pela Secção Portuguesa do IBBY (International Board on Books for Young People ) como candidata ao Prémio Hans Christian Andersen .
Em 2009 a Sociedade Portuguesa de Autores distinguiu-a com a sua Medalha de Honra.
Em 2010 foi proposta pela DGLB como candidata de Portugal ao Prémio Ibero-Americano SM de Literatura Infantil e Juvenil.
Em 2018 e 2020 como candidata ao prémio sueco ALMA.
Contrato (Poesia), 1970
A História da Papoila, (Infanto-juvenil), 1972 ; 1977
Maria Papoila, (Infanto-juvenil), 1973 ; 1977
O Dr. Lauro e o Dinossauro, (Infanto-juvenil), 1973 ; 1985
Urso e a Formiga, (Infanto-juvenil), 1973 ; 2002
O Soldado João, (Infanto-juvenil), 1973 ; 2002
O Ratinho Marinheiro (Poesia para a infância), 1973 ; 2001
O Gato e o Rato, prosa (Infanto-juvenil), 1973 ; 1977
Oito Histórias Infantis, prosa (Infanto-juvenil), 1975
O Meio Galo e Outras Histórias, prosa (Infanto-juvenil), 1976 ; 2001
AEIOU, História das Cinco Vogais, (prosa) (Infanto-juvenil), 1980 ; 1999
O Rapaz Magro, a Rapariga Gorda, prosa (Infanto-juvenil), 1980 ; 1984
Histórias de Bichos, prosa (Infanto-juvenil), 1981
O Menino e a Nuvem, prosa (Infanto-juvenil), 1981
Três Histórias do Futuro, prosa (Infanto-juvenil), 1982
O Dragão, prosa (Infanto-juvenil), 1982 ; 2002; 2015 (Porto Editora)
O Rapaz do Nariz Comprido, prosa (Infanto-juvenil), 1982 ; 1984
O Sultão Solimão e o Criado Maldonado (Poesia para a infância), 1982
Poemas da Mentira... e da Verdade (Poesia para a infância), 1983 ; 1999
O Homem das Barbas, prosa (Infanto-juvenil), 1984
O Senhor Forte, prosa (Infanto-juvenil), 1984
A Princesa da Chuva, prosa (Infanto-juvenil), 1984
O Homem alto, a Mulher baixinha, prosa (Infanto-juvenil), 1984
De Que São Feitos os Sonhos: A Antologia Diferente, prosa (Infanto-juvenil), 1985 ; 1994
O Senhor Pouca Sorte, prosa (Infanto-juvenil), 1985
A Menina Boa, prosa (Infanto-juvenil), 1985
A Menina Branca, o Rapaz Preto, prosa (Infanto-juvenil), 1985
6 Histórias de Encantar, prosa (Infanto-juvenil), 1985 ; 2003
A Vassoura Mágica, prosa (Infanto-juvenil), 1986 ; 2001
O Fantasma, prosa (Infanto-juvenil), 1987
A Menina Verde, prosa (Infanto-juvenil), 1987
Versos de Animais (Antologia de Literatura Tradicional), 1988
Destrava Línguas (Antologia de Literatura Tradicional), 1988 ; 1997
Crime no Expresso do Tempo, prosa (Infanto-juvenil), 1988 ; 1999
Lenga-Lengas (Antologia de Literatura Tradicional), 1988 ; 1997
O Disco Voador, prosa (Infanto-juvenil), 1989 ; 1990
Adivinha, Adivinha: 150 adivinhas populares (Antologia de Literatura Tradicional), 1991 ; 2001
É Preciso Crescer, ( infanto- juvenil )1992
A Nau Catrineta, prosa (Infanto-juvenil), 1992
À Roda dos Livros: Literatura Infantil e Juvenil (Divulgação), 1993
Diário de Sofia & Cia aos Quinze Anos(Infanto-juvenil), 1994 ; 2001
Os Ovos Misteriosos, prosa (Infanto-juvenil), 1994 ; 2002
O Rapaz e o Robô, prosa (Infanto-juvenil), 1995 ; 2002
S. O. S.: Animais em Perigo!..., prosa (Infanto-juvenil), 1996
O Casamento da Gata, poesia (Infanto-juvenil), 1997 ; 2001
Vamos descobrir as bibliotecas (Divulgação), 1998
Vou Ali e Já Volto, prosa (Infanto-juvenil), 1999
Arca de Noé, poesia (Infanto-juvenil), 1999
A Gata Tareca e Outros Poemas Levados da Breca (Poesia para a infância), 1999 ; 2000; 2014 (Porto Editora)
ABC, poesia (Infanto-juvenil), 1999 ; 2001
25 (Poesia para a infância), 1999
Seis Contos de Eça de Queirós (Contos), 2000 ; 2002
Com Eça de Queirós nos Olivais no ano 2000 (Divulgação), 2000
Com Eça de Queirós à roda do Chiado (Divulgação), 2000
Mãe, Querida Mãe! Como é a Tua?, prosa (Infanto-juvenil), 2000 ; 2003
Lisboa de José Rodrigues Miguéis (Divulgação), 2001
Roteiro de José Rodrigues Miguéis: do Castelo ao Camões (Divulgação), 2001
A flauta, prosa (Infanto-juvenil), 2001
Uns óculos para a Rita, prosa (Infanto-juvenil), 2001
Todos no Sofá, poesia (Infanto-juvenil), 2001
1, 2, 3, poesia (Infanto-juvenil), 2001 ; 2003
Alhos e Bugalhos (Divulgação), 2001
Meu bichinho, meu amor, prosa (Infanto-juvenil), 2002
Cores, prosa (Infanto-juvenil), 2002
Gente Gira, prosa (Infanto-juvenil), 2002
Tudo ao Contrário!, prosa (Infanto-juvenil), 2002
Viagens de Gulliver, adaptação livre (Teatro para a infância), 2002
O Rapaz que vivia na Televisão, prosa (Infanto-juvenil), 2002
Contrários, poesia (Infanto-juvenil), 2003
Quem está aí?, prosa (Infanto-juvenil), 2003
A Cavalo no Tempo, poesia (Infanto-juvenil), 2003, 2015 (Porto Editora)
Pai, Querido Pai! Como é o Teu?, prosa (Infanto-juvenil), 2003
A Carochinha e o João Ratão, poesia (Infanto-juvenil), 2003
Se os Bichos se vestissem como Gente, prosa (Infanto-juvenil), 2004
A festa de anos, prosa (Infanto-juvenil), 2004
Contos para rir, prosa (Infanto-juvenil), 2004
Abecedário maluco, poesia (Infanto-juvenil), 2004
Histórias de dedos, prosa (Infanto-juvenil), 2005
A Cidade dos Cães e outras histórias, prosa ( Infanto- juvenil ), 2005
Há sempre uma estrela no Natal, contos ( Infanto-juvenil ) Civilização,2006
Doutor Lauro e o dinossauro, prosa (Infanto-Juvenil), 2.ª ed, Livros Horizonte, 2007
Mais lengalengas (recolhas ), Livros Horizonte,2007
Desejos de Natal (Infanto-juvenil ), Civilização,2007
As Canções do Alfa, Porto Editora, 2013
'Números com Histórias, Porto Editora, 2013
Poesia para Todo o Ano, Porto Editora, 2013
Os animais do Natal (ilustrações de Ângela Vieira), Porto Editora, 2012
Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Lu%C3%ADsa_Ducla_Soares
Romances
Memory of Departure (1987)
Pilgrims Way (1988)
Dottie (1990)
Paradise (1994)
Admiring Silence (1996)
By the Sea (2001)
Desertion (2005)
The Last Gift (2011)
Gravel Heart (2017)
Afterlives (2020)
Contos
My Mother Lived on a Farm in Africa (2006)
Abdulrazak Gurnah nasceu em 1948 e cresceu na ilha de Zanzibar, no Oceano Índico, mas chegou a Inglaterra como refugiado no final da década de 1960. Após a libertação pacífica do domínio colonial britânico em dezembro de 1963, Zanzibar passou por uma revolução que, sob o regime do presidente Abeid Karume, levou à opressão e perseguição de cidadãos de origem árabe; massacres ocorreram. Gurnah pertencia ao grupo étnico atingido e depois de terminar os estudos foi forçado a deixar a sua família e fugir do país, então formado República da Tanzânia. Tinha dezoito anos. Só em 1984 foi possível voltar a Zanzibar, permitindo-lhe ver o seu pai pouco antes da sua morte. Até à recente reforma, Gurnah foi Professor de Inglês e Literaturas Pós-coloniais na Universidade de Kent em Canterbury, com foco principalmente em escritores como Wole Soyinka, Ngugi wa Thiong'o e Salman Rushdie.
Prémios
Em 2006, Abdulrazak foi eleito para a Royal Society of Literature. Em 7 de outubro de 2021, ele foi laureado com o Prémio Nobel de Literatura, "por sua penetração intransigente e compassiva dos efeitos do colonialismo e do destino do refugiado no abismo entre culturas e continentes.
A Terceira Resignação, 1947
A Outra Costela da Morte, 1948
Amargura para Três Sonâmbulos, 1949
Diálogo do Espelho, 1949
A Mulher que Chegava às Seis, 1950
Nabo, o Negro que Fez Esperar os Anjos, 1951
Alguém Desarruma estas Rosas, 1952
Um Dia Depois do Sábado, 1955
A Revoada (O Enterro do Diabo), 1955
Relato de Um Náufrago, 1955
Ninguém Escreve ao Coronel, 1958
Os Funerais da Mamãe Grande, 1962
A Má Hora: o Veneno da Madrugada, 1962
Cem Anos de Solidão, 1967
Como Contar um Conto, 1947-1972
Todos os Contos, 1975
O Outono do Patriarca, 1975
Crônicas de Uma Morte Anunciada, 1982
O Amor nos Tempos do Cólera, 1985
Doze Contos Peregrinos, 1992
Do Amor e Outros Demônios, 1994
O Rastro do teu Sangue na Neve, 1981
O Verão Feliz da Senhora Forbes, 1982
A Aventura de Miguel Littin, Clandestino no Chile, 1986
O General em Seu Labirinto, 1989
Notícia de um Sequestro, 1997
Viver Para Contar (autobiografia), 2002
Memórias de Minhas Putas Tristes, 2004
Eu não Venho Fazer um Discurso, 2010
Escritor colombiano nascido a 6 de março de 1927 em Aracataca, um pequeno entreposto do comércio de bananas. Desde logo deixado ao cuidado dos seus avós, um coronel na reserva, ex-combatente na guerra civil, e uma apaixonada pelas tradições orais indígenas, estudou na austeridade de um colégio de jesuítas.
Terminando os seus estudos secundários, ingressou no curso de Direito da Universidade de Bogotá, mas não o chegou a concluir. Fascinado pela escrita, transferiu-se para a Universidade de Cartagena, onde recebeu preparação académica em Jornalismo. Publicou o seu primeiro conto, "La Hojarasca", em 1947. No ano seguinte, deu início a uma carreira como jornalista, colaborando com inúmeras publicações sul-americanas. No ano de 1954 foi especialmente enviado para Roma, como correspondente do jornal El Espectador mas, pouco tempo depois, o regime ditatorial colombiano encerrou a redação, o que contribuiu para que Márquez continuasse na Europa, sentindo-se mais seguro longe do seu país.
Em 1955 publicou o seu primeiro livro, uma coletânea de contos que já haviam aparecido em publicações periódicas, e que levou o título do mais famoso, "La Hojarasca". Passando despercebida pelo olhar da crítica, a obra inclui contos que lidam compassivamente com a realidade rural da Colômbia.
Em 1967 publicou a sua obra mais conhecida, o romance "Cien Años De Soledad" ("Cem Anos de Solidão"), romance que se tornou num marco considerável no estilo denominado como realismo mágico. Em "El Otoño Del Patriarca" (1977), Márquez conta a história de um patriarca, cuja notícia da morte origina uma autêntica luta de poder.
Uma outra obra tida entre as melhores do escritor é “Crónica de una Muerte Anunciada" (1981, "Crónica de uma Morte Anunciada"), romance que descreve o assassinato de um homem em consequência da violação de um código de honra. Depois de "El Amor En Los Tiempos De Cólera" (1985, "Amor em Tempos de Cólera"), o autor publicou "El General En Su Laberinto" (1989), obra que conta a história da derradeira viagem de Simão Bolívar para jusante do Rio Magdalena.
Em 2003, as Publicações D. Quixote editam, deste autor, "Viver para Contá-la", um volume de memórias de Gabriel García Márquez onde o autor descreve parte da sua vida.
Gabriel García Márquez foi galardoado com o Prémio Nobel da Literatura em 1982.
Cinema
Gabriel García Márquez era tão apaixonado por cinema que pensou em ser cineasta. Além da vasta produção literária de romances, contos, trabalhos jornalísticos, foi também argumementista de diversos filmes.
Fiel ao comunismo e aliado dos cubanos, criou em Cuba um curso de cinema.
Morreu a 17 de abril de 2014, aos 87 anos, em sua casa na Cidade do México, ao lado da mulher Mercedes e dos seus dois filhos.
Fonte: https://www.wook.pt/autor/gabriel-garcia-marquez/3570
A 08 de fevereiro de 1828, nasceu o escritor francês Jules Verne (Júlio Verne), autor, entre muitos outros, dos livros "20 mil léguas submarinas" e "A volta ao mundo em 80 dias".
Criador por excelência do romance de antecipação/ficção científica, Jules Verne - conhecido nos países de língua portuguesa por Júlio Verne - foi um escritor francês, famoso mundialmente, que nasceu na cidade portuária de Nantes. Filho de um advogado proeminente, acompanhou o pai na sua mudança para Paris.
Aí estudou, dividindo o seu tempo entre o curso de Direito e as tertúlias literárias, às quais fora apresentado por um tio. Conheceu personalidades importantes da literatura francesa sua contemporânea como Victor Hugo e Alexandre Dumas Filho e não tardou a escrever sob a sua orientação.
Estreou a sua primeira peça de teatro em Paris, aos vinte e dois anos e, um ano depois, em 1851, o seu primeiro conto de ficção científica, Un voyage en ballon. Ainda incapaz de viver exclusivamente da escrita, Verne fez-se valer do diploma em Direito, encontrando o seu sustento como operador financeiro. A situação mudou, no entanto, em 1862, quando o escritor conheceu Jules Hetzel, editor e também autor de livros infanto-juvenis, que demonstrou interesse em publicar a sua série "Voyages extraordinaires". O episódio Cinq semaines en ballon (1863) garantiu a Júlio Verne a popularidade necessária ao seu estabelecimento como escritor a tempo inteiro e inspirou, mais tarde, em 1872, a sua famosa obra La tour du monde en quatre-vingt jours (A volta ao mundo em 80 dias).
Procedendo a uma investigação metódica e rigorosa, Verne começou a escrever romances de antecipação/ficção científica bastante convincentes e realistas. Em Le voyage au centre de la terre (1864, Viagem ao centro da terra), descrevia uma expedição ao núcleo terrestre, antecipando um sonho de muitos investigadores. O mesmo aconteceu com De la terre à la lune (1865, Da terra à lua), romance que encontraria uma continuação em Autour de la lune (1870, À volta da lua) no qual Verne antecipava, em mais de cem anos, a primeira expedição lunar.
O caráter visionário da obra de Júlio Verne pode, também, ser notado em obras como L'ile mystérieuse (1874, A ilha misteriosa) e Vingt mille lieus sous les mers (1869-70, Vinte mil léguas submarinas), romance em que o carismático capitão Nemo profetizava a pirataria submarina alemã da Segunda Guerra Mundial. Outra das suas previsões foi a invenção da televisão.
Em 1867, visitou os Estados Unidos da América, viajando depois pelo Mediterrâneo. Em 1871, instalou-se em Amiens onde, em 1886, sobreviveu a uma tentativa de assassinato pela mão de um sobrinho. Atingido numa perna, ficou coxo para o resto da vida. Faleceu a 24 de março de 1905.
Ao longo dos anos, além dos seus livros terem conhecido inúmeras edições, várias das obras de Júlio Verne foram adaptadas para séries e filmes.
Fonte Júlio Verne. In Infopedia [online]
http://bmovar.bibliopolis.info/Atividades/Autor-do-Mes/ctl/Details/Mid/589/ItemID/253?ContainerSrc=[G]Containers/Satva3/Invisible
Júlio Verne e as suas obras fazem parte da lista dos Livros recomendados no Plano Nacional de Leitura como sugestão de leitura.
Escritor norte-americano nascido a 9 de janeiro de 1809, em Boston, e falecido a 7 de outubro de 1849. Filho de dois atores de Baltimore, David Poe Junior e Elizabeth Arnold Poe, ficou órfão com apenas dois anos de idade e desde cedo aprendeu a sobreviver sozinho. Foi adotado por uma família de comerciantes ricos de Richmond, de quem recebeu o apelido Allan.
Entre 1815 e 1820, a família Allan viveu em Inglaterra e na Escócia, onde Poe recebeu uma educação tradicional, regressando depois a Richmond. Poe foi para a Universidade da Virgínia em 1826, onde estudou grego, latim, francês, espanhol e italiano, mas desistiu do curso onze meses depois por causa do seu vício do jogo e do álcool. Resolveu então ir para Boston, onde publicou em 1827 um fascículo de poemas da juventude de inspiração byroniana, Tamerlane and Other Poems.
Em 1829 publicou o seu primeiro volume de poemas, com o título Al Aaraaf, Tamerlane and Minor Poems, onde se denota a influência de John Milton e Thomas Moore. Foi então para Nova Iorque, onde publicou outro volume, contendo alguns dos seus melhores poemas e onde se evidencia a influência de Keats, Shelley e Coleridge.
Em 1835 estreou-se como diretor do jornal Southern Literary Messenger, em Richmond, onde se tornaria conhecido como crítico literário, mas veio a ser despedido do seu cargo alegadamente por causa do seu problema da bebida. O álcool viria aliás a ser o estigma que marcaria toda a sua vida até à morte. Casou-se nesse mesmo ano com a sua prima de apenas treze anos, Virgínia Clemm, e o casal resolveu então instalar-se em Nova Iorque, onde não chegou a permanecer muito tempo. Foi em Filadélfia que Poe alcançou fama através de vários volumes de poemas e histórias de mistério e de terror. Em 1838 escreveu The Narrative of Arthur Gordon Pym (A Narrativa de Arthur Gordon Pym), obra de prosa em que combinou factos reais com as suas fantasias mais insanas. Em 1839 tornou-se codiretor do Burton's Gentleman's Magazine em Filadélfia, e nesse mesmo ano escreveu várias obras que o tornaram famoso pelo seu estilo de literatura ligado ao macabro e ao sobrenatural. São elas William Wilson e The Fall of the House of Usher (A Queda da Casa de Usher).
A primeira história policial surgiu apenas em 1841, na revista Graham's Lady's and Gentleman's Magazine, sob o nome The Murders of the Rue Morgue (Os Crimes da Rue Morgue), e em 1843 Poe recebeu o seu primeiro prémio literário com a obra The Gold Bug. Em 1844 regressou a Nova Iorque e tornou-se subdiretor do New York Mirror. Na edição de 29 de janeiro de 1845 deste jornal surgiu o poema The Raven (O Corvo), com o qual Poe atingiu o auge da sua fama nacional.
Dois anos mais tarde morre a sua mulher Virgínia, mas Poe volta a casar, com Elmira Royster, em 1849. Porém, antes disso, Poe publica Eureka, uma obra que deu azo a muita contestação por parte de alguns críticos da época e que é considerada uma dissertação transcendental sobre o universo, muito louvada por uns e detestada por outros.
Vinicius de Moraes nasceu a 19 de outubro de 1913 e faleceu a 9 de julho de 1980, com 66 anos. Vinicius foi um poeta e compositor brasileiro sendo "Garota de Ipanema", feita em parceria com Antônio Carlos Jobim (Tom Jobim), a sua produção mais conhecida, tornando-se no hino da música popular brasileira.
Além de ter sido um dos mais famosos compositores da música popular brasileira e um dos fundadores, nos anos 50, do movimento musical Bossa Nova, foi também importante poeta da Segunda Fase do Modernismo. Foi também dramaturgo e diplomata.
Marcus Vinicius Melo Morais, conhecido como Vinicius de Moraes, nasceu no Rio de Janeiro, no dia 19 de outubro de 1913. Filho do funcionário público e poeta Clodoaldo Pereira da Silva e da pianista Lídia Cruz desde cedo já mostrava interesse por poesia. Ingressou no colégio jesuíta Santo Inácio onde fez os estudos secundários. Entrou para o coral da igreja onde desenvolveu as suas habilidades musicais e em 1928 começou a fazer as primeiras composições musicais. Em 1929, Vinicius iniciou o curso de Direito da Faculdade Nacional do Rio de Janeiro e em 1933, ano da conclusão do seu curso, publicou o seu primeiro livro de poemas, O Caminho Para a Distância, onde reúne as suas poesias. Vinicius de Moraes nunca exerceu a advocacia, tendo trabalhado como representante do Ministério da Educação na censura cinematográfica, até 1938, quando recebeu uma bolsa de estudos e seguiu para Londres, onde tirou Literatura Inglesa na Universidade de Oxford. Durante a sua estadia em Londres, trabalhou na BBC londrina até 1939 e em 1940, iniciou, no jornal “A Manhã”, a carreira jornalística, escrevendo uma coluna como crítico de cinema. Em 1943, Vinicius de Moraes concorre para a carreira diplomática e vai para os Estados Unidos, onde assume o posto de vice-cônsul em Los Angeles. Serviu sucessivamente em Paris, a partir de 1953, em Montevidéu, Argentina, a partir de 1959 e novamente em Paris, em 1963. Vinicius voltou definitivamente ao Brasil em 1964 e em 1968 foi aposentado. Várias experiências conjugais marcaram sua vida: casou-se nove vezes e teve cinco filhos.
Música e Teatro
Em 1956, Vinicius de Moraes publicou a peça teatral Orfeu da Conceição, levada ao palco do Teatro Municipal do Rio de Janeiro. A peça continha músicas de Vinicius e de Tom Jobim. Nesse mesmo ano, a peça foi levada para o cinema pelo francês Marcel Camus. O filme, intitulado Orfeu Negro, alcançou sucesso internacional, recebendo a Palma de Ouro, em Cannes e o Oscar de Melhor Filme estrangeiro, em Hollywood, no ano de 1959.
De volta ao Brasil, Vinicius de Moraes dedica-se à poesia e à música popular brasileira. Fez parcerias musicais com os nomes mais sonantes da música brasileira: Toquinho, Tom Jobim, Baden Powell, João Gilberto, Francis Hime, Edu Lobo, Carlos Lyra e Chico Buarque. Destas suas parcerias destacam-se as músicas: Garota de Ipanema, escrita em 1962 e musicada por António Carlos Jobim, (no ano seguinte é lançada a versão em língua inglesa), Gente Humilde, Arrastão, A Rosa de Hiroshima, Berimbau, A Tonga da Mironga do Kaburetê, Canto de Ossanha, Insensatez, Eu Sei Que Vou Te Amar e Chega de Saudade. Vinicius participou em vários shows e gravações com cantores e compositores importantes como Chico Buarque de Holanda, Elis Regina, Dorival Caymmi, Maria Creuza, Miúcha e Maria Bethânia.
A produção poética de Vinicius de Moraes
Vinicius de Moraes foi um poeta significativo da Segunda Fase do Modernismo. Quando publicou a sua Antologia Poética, em 1955, admitiu que a sua obra poética se dividia em duas fases:
A primeira fase carregada de misticismo e profundamente cristã, começa em "O Caminho para a Distância" (1933) e, termina com o poema, “Ariana, a Mulher” (1936).
A segunda fase, iniciada com “Cinco Elegias” (1943), assinala a explosão de uma poesia mais viril. “Nela – segundo ele – estão nitidamente marcados os movimentos de aproximação do mundo material, com a difícil, mas consistente repulsa ao idealismo dos primeiros anos.”
Ao englobar o “mundo material” na sua produção artística, Vinicius dedica-se a uma lírica comprometida com o quotidiano, onde procurou os grandes dramas sociais do seu tempo. Os poemas “Rosa de Hiroshima” (1954) e “Operário em Construção” (1956), são exemplos desse compromisso social.
Obra de Vinicius de Moraes
Poesia:
O Caminho Para a Distância (1933)
Forma e Exegese (1935)
Ariana, a Mulher (1936)
Novos Poemas (1938)
Cinco Elegias (1943)
Poemas, Sonetos e Baladas (1946)
Pátria Minha (1949)
Antologia Poética (1955)
Livro de Sonetos (1956)
O Mergulhador (1965)
A Arca de Noé (1970)
Teatro:
Orfeu da Conceição (1954)
Cordélia e o Peregrino (1965)
Pobre Menina Rica (1962)
Prosa:
O Amor dos Homens (1960)
Para Viver Um Grande Amor (1962)
Para Uma Menina Com Uma Flor (1966)
A Garota de Ipanema, interpretada pelo próprio em parceria com Tom Jobim
Olha que coisa mais linda
Mais cheia de graça
É ela, menina
Que vem e que passa
Num doce balanço
A caminho do mar
Eu sei que vou-te amar, interpretada por Caetano Veloso
Eu sei que vou te amar
Por toda a minha vida eu vou te amar
Em cada despedida eu vou te amar
Desesperadamente, eu sei que vou te amar
Fontes:
https://www.ebiografia.com/vinicius_de_moraes/
Para consulta mais completa sobre o autor, aconselha-se a leitura do site http://www.viniciusdemoraes.com.br/
O homem volta-se para a geometria como as plantas se voltam para o sol: é a mesma necessidade de clareza e todas as culturas foram iluminadas pela geometria, cujas formas despertam no espírito um sentimento de exactidão e de evidência absoluta.
Nadir Afonso Rodrigues (Chaves, 4 de dezembro de 1920 — Cascais, 11 de dezembro de 2013) foi um arquitecto, pintor e pensador português.
Diplomado em arquitectura, trabalhou com Le Corbusier e Oscar Niemeyer. Nadir Afonso estudou pintura em Paris e foi um dos pioneiros da arte cinética, trabalhando ao lado de Victor Vasarely, Fernand Léger, August Herbin e André Bloc. Nadir Afonso é autor de uma teoria estética, tendo publicado em vários livros onde defende que a arte é puramente objectiva e regida por leis de natureza matemática, que tratam a arte não como um acto de imaginação, mas de observação, percepção e manipulação da forma. Nadir Afonso alcançou reconhecimento internacional e está representado em vários museus. As suas obras mais famosas são a série Cidades, que sugerem lugares em todo o mundo. Com 92 anos de idade, ainda trabalhava activamente na pintura.
Biografia
Em 1938 Nadir Afonso ingressou no curso de Arquitetura na Escola Superior de Belas-Artes do Porto. Durante estes anos a pintura de Nadir evoluiu para uma progressiva abstracção.
Terminados os estudos de arquitetura partiu para Paris, em 1946, onde se inscreveu na École des Beaux-Arts para estudar Pintura, e obteve, por intermédio de Portinari, uma bolsa de estudo do governo francês. Colaborou, de 1946 até 1948 e novamente em 1951, com Le Corbusier.
Foi um projecto desenvolvido sob orientação de Le Corbusier que esteve na base da tese A Arquitectura não é uma Arte, que defendeu no Porto em 1948 com o projecto da Fabrica Duval em Saint-Dié (Afonso, 1990). Paralelamente, trabalhou na pintura, servindo-se do ateliê de Fernand Léger.[2] No ateliê de Le Corbusier trabalhou também no projecto da Unité d'Habitation . Uma perspetiva deste projeto, realizada por Nadir, foi reproduzida na revista L’Homme et l’Architecture e, depois em livros da especialidade de todo o mundo. (Afonso, 2010).
No final de 1951 parte para o Brasil, onde trabalhou, nos anos seguintes, com Óscar Niemeyer.[2] sobretudo no projeto do IV Centenário da Cidade de São Paulo, Parque de Ibirapuera. Em finais de 1954 estava de regresso a Paris. Participou no movimento da arte cinética, expondo na galeria Denise René em 1956 e 1957 e em colectivas com Victor Vasarely, August Herbin e Richard Mortensen.[desambiguação necessária] Neste âmbito efetuou a série Espacillimité e na vanguarda da arte mundial que apresentou no Salon des Réalités Nouvelles de 1958 um Espacillimité animado de movimento.
Em 1955 concorreu ao projeto do Monumento ao Infante D. Henrique a erigir em Sagres. Em Chaves projetou a Panificadora, uma das obras de referência da arquitectura portuguesa do século XX. (Afonso, 1990).
Representou Portugal na Bienal de São Paulo, no Brasil, em 1961 e em 1969.
A Fundação Calouste Gulbenkian dedicou-lhe uma exposição retrospectiva que foi apresentada em 1970 e outra em 1979 no Centre Culturel Portugais, em Paris, em Lisboa em 1970. Publicou Les Mécanismes de la Création Artistique (Neuchâtel: Editions du Griffon, 1970).
Nos anos seguintes desenvolve uma intensa actividade artística e aos poucos a sua pintura irradia pelo mundo ao mesmo tempo que continua a publicar regularmente. Aos livros referidos seguem-se: Aesthetic Synthesis, Universo e o Pensamento, O Sentido da Arte, Da intuição Artística ao Raciocínio Estético, Sobre a Vida e Sobre a Obra de Van Gogh, As Artes: Erradas Crenças e Falsas Criticas, Nadir Face a Face com Einstein, Manifesto – O Tempo não Existe.
Nadir Afonso e a sua obra Sevilha
Em 2003 foi realizado o filme Nadir, da autoria de Jorge Campos, para a Radiotelevisão Portuguesa. Artista homenageado na XII Bienal Internacional de Vila Nova de Cerveira (2003), onde apresentou uma exposição antológica, e na 2ª Feira Internacional do Estoril, onde foi atribuído o Prémio Nadir Afonso (2004).
Em Janeiro de 2009 foi apresentado em Chaves o projecto da autoria de Siza Vieira da sede da Fundação Nadir Afonso que está em construção.
Em Boticas o Centro de Artes Nadir Afonso foi inaugurado em Julho de 2013[quando?]. O projecto deste equipamento foi distinguido com os prémios internacionais The International Architecture Awards (2009) e The Green Good Design Awards (2010).
Entretanto, Nadir desenvolve uma extensa obra plástica e teórica centrada na busca do Absoluto na Arte e publica diversos livros. Em 2010, foi realizada uma grande exposição da sua obra, no Museu Nacional de Soares dos Reis, Porto, e, seguidamente, no Museu Nacional de Arte Contemporânea - Museu do Chiado, Lisboa.[2] O Museu da Presidência da República dedicou-lhe uma exposição retrospectiva. Uma grande exposição foi apresentada no Museu Carlo Bilotti- Vila Borghese em Roma (2012) e outra exposição em Veneza no Palazzo Loredan (2012).
Em 2012 foi apresentado no Teatro Nacional São João no Porto o filme Nadir Afonso: O Tempo não Existe de Jorge Campos.
Nadir Afonso morreu a 11 de dezembro de 2013, no hospital de Cascais, onde se encontrava internado.
Prémios e distinções
Prémio Nacional de Pintura (1967)
Prémio Amadeo de Souza-Cardoso (1969
Oficial da Ordem Militar de Sant'Iago da Espada[1] (30 de julho de 1984
Doutor Honoris Causa pela Universidade Lusíada de Lisboa (20 de junho de 2010)
Grande-Oficial da Ordem Militar de Sant'Iago da Espada (14 de dezembro de 2010
Doutor Honoris Causa e pela Universidade do Porto (5 de novembro de 2012).
Fonte: Wikipédia [https://pt.wikipedia.org/wiki/Nadir_Afonso]
Escritor português nascido a 9 de junho de 1900, no Porto, e falecido a 8 de fevereiro de 1985, em Lisboa. Licenciou-se em Direito em 1924, na Universidade de Lisboa, e foi cônsul na Noruega de 1926 a 1929. Nos anos 30 a 50, traduz fitas cinematográficas e redige, sob vários pseudónimos, crónicas, historietas, intrigas policiais, para pequenas publicações, ao mesmo tempo que colabora nas revistas, jornais e antologias poéticas Presença, Galo, O Diabo, Revista de Portugal, Portucale, Gazeta Musical e de Todas as Artes, Europa, Cadernos do Meio-Dia.
A partir de 1948, inicia a publicação da sua obra poética, reunida posteriormente nos três volumes de Poeta Militante - Viagem do Século Vinte em Mim, uma criação poética caracterizada pela violência da denúncia de todo o tipo de situações de injustiça e de alienação, de permanente "contestação do real ou, antes, da aparência a que chamamos realidade.
Politicamente, opôs-se à ditadura de Sidónio Pais e, mais tarde, à de Oliveira Salazar, tendo sido em 1979, já depois da revolução do 25 de abril, candidato pela APU para Lisboa, e em 1980 filiado no PCP. Foi condecorado grande oficial da Ordem Militar de Santiago de Espada por Ramalho Eanes.
Autor de livros como “Aventuras Maravilhosas de João Sem Medo”, “Poeta Militante”, “Irreal Quotidiano” ou “Gaveta de Nuvens”.
Foi Presidente da Associação Portuguesa de Escritores em 1978.
É também autor de uma considerável obra em prosa, ficcional e de recriação de memórias, marcada pelo simbolismo, por situações surrealistas, pela criação de um novo imaginário de mitos e sonhos, que não decorre do absurdo, mas de uma linguagem alegorizante, imposta por uma situação de escrita subversiva sob a censura e ditada pela crença íntima no poder da imaginação para "enobrecer e embelezar todos os sentimentos reles e as coisas vis da terra".
Tudo o que deixou escrito ficou intemporal: poesia, ficção, aventuras que seguem o caminho dos sonhos.
É ele o poeta militante que acreditava poder salvar o mundo com palavras.
José Gomes Ferreira acreditava no poder transformador da poesia. Observador atento do quotidiano, revoltado com as injustiças, desenvolveu a “teoria do grito poético” para alertar consciências. Percebeu que era um ingénuo, mas não desistiu de esgrimir poemas nessa missão salvífica da humanidade. Os seus versos começavam então a ser um estandarte de luta, resistência e esperança.
Da sua escrita ressalta uma grande preocupação humanística, com constante atenção aos problemas do nosso tempo, glosando temas como a liberdade, a dignidade humana e a solidariedade para com os outros, sobretudo no sofrimento.
Sobre o livro Aventuras de João Sem Medo que faz parte do Plano Nacional de Leitura.
“Li este livro a primeira vez no 2.º ano do ciclo preparatório. Depois voltei a lê-lo no 10.º ano, a convite do meu professor de Filosofia. Há relativamente pouco tempo voltei a lê-lo e, no espaço de dois dias, ouvi falar dele. De todas as vezes tirei conclusões diferentes. Mas a mais importante de todas é que esta obra é tão atual que poderia ter sido escrita nos dias de hoje, onde o medo se instalou de forma desmesurada.”
SOFIA RIJO (SAPATO Nº39) WWW.EXPRESSO.PT
Sites consultados_
https://www.infopedia.pt/$jose-gomes-ferreira https://ensina.rtp.pt/artigo/jose-gomes-ferreira-um-homem-do-tamanho-do-seculo/ https://sites.google.com/site/videotecaespl/jos-gomes-ferreira-um-homem-do-tamanho-do-sculo
Deixou marcas em dezenas de projetos, e um bocadinho dele está naquilo que há de bom na comunicação social portuguesa, sobretudo na imprensa escrita. Pedro Rolo Duarte foi fundador da VISÃO, editor da revista Kapa, do suplemento DNA e do Independente, todos títulos marcantes da história recente da imprensa portuguesa, entre muitas outras coisas. Aos 53 anos, deixa atrás de si um longo percurso.
Jornalista multifacetado, começou a sua carreira muito novo, aos 17 anos, colaborando com o Diário de Notícias, e estreou-se na rádio com apenas 20 anos. «Eu ouvi o futuro da rádio em Portugal e ele chama-se Pedro Duarte», escreveu na altura o crítico de rádio do semanário de espetáculos Se7e, do qual Pedro Rolo Duarte viria mais tarde ser diretor-adjunto (1988-1989). Atualmente, e desde 2009, mantinha com João Gobern, na Antena 1, o programa Hotel Babilónia, nome escolhido em homenagem a Carlos Cáceres Monteiro, primeiro diretor da VISÃO. As conversas entre dois amigos de longa data, que trabalhavam juntos desde os anos 80, colavam à rádio nas manhãs de sábado um grupo fiel e atento de ouvintes.
Pedro Rolo Duarte fez também carreira na televisão, iniciada aos 23 anos, com o semanário de espetáculos Programa das Festas, na RTP 1. Manteve um atividade regular nos ecrãs até 2015, apresentando programas como Tanto para Conversar (RTP 2), Em Legítima Defesa (TVI) ou Canal Aberto (RTP 1), entre muitos outros.
Filho de dois jornalistas, Maria João Duarte e António Rolo Duarte, Pedro cresceu entre jornais e revistas. Amava o jornalismo e a comunicação, e pôs em tudo o que fez paixão, profissionalismo, intensidade e uma enorme dose de exigência, criatividade e arrojo. Projetos como a revista Kapa, de que foi editor-geral (1991), dirigida por Miguel Esteves Cardoso, romperam com o «establishment» e marcaram pela irreverência.
Começou a trabalhar na criação de uma nova revista, a VISÃO, seis meses antes do primeiro número ir para as bancas, a convite de Cáceres Monteiro, tendo tido um papel fundamental na definição do projeto, no qual se manteve, como editor-geral, até 1995, continuando depois cronista até 1999. Com o suplemento DNA, criado em 1996 e vendido aos sábados com o Diário de Notícias durante dez anos, não só deixou uma marca indelével como deu voz a uma geração de novos jornalistas que viriam a dar cartas na profissão.
Foi subdiretor do DN entre 2004 e 2005. Colaborou com o Jornal I no seu primeiro ano, editando o suplemento semanal Nós.
Cronista do SAPO, onde escrevia semanalmente até que a doença o impediu, cerca de três semanas antes de falecer, assinou colunas de opinião em dezenas de jornais e revistas ao longo dos seus 36 anos de carreira. Escreveu também três livros, reunindo as crónicas de imprensa: Fumo (2007), Sozinho em Casa (2002), Noites em Branco (1999).
Morreu, vítima de cancro, a 24 de novembro de 2017, em Lisboa, cidade onde nasceu a 16 de maio de 1964, filho dos também jornalistas António Rolo Duarte e Maria João Duarte.
Um ano depois da sua morte, foi publicado postumamente o seu último livro de caráter autobiográfico, Não respire.
Este é um livro póstumo, mas não é um livro póstumo qualquer. Não Respire começou a ser escrito quando o jornalista Pedro Rolo Duarte soube que tinha cancro. Escreveu-o durante um ano. Pedro pôs um ponto final em Não Respire escassos dias antes de a doença pôr um ponto final na sua vida. Tinha 53 anos.
Esta não é, porém, uma autobiografia ou o diário de um doente − “esperem, quando muito, bocados soltos de uma vida comum”, diz ele na introdução aos 155 textos, divididos em dez partes, do livro. Uma estrutura que inclui o princípio do romance que nunca escreveu, crónicas publicadas em revistas, o caderninho com 16 ideias para os 16 anos do filho, poemas. O fio condutor acaba por ser, ainda que de forma quase invisível, a doença – e a enorme coragem com que enfrenta a notícia que lhe chegou pelo telefone, numa manhã. “Agora estou sentado no sofá, a pensar que o pior e mais difícil vai ser contar à mãe e ao meu filho. (…) Sou capaz de rir sozinho, imaginando uma empresa de comunicação que faça esse trabalho por mim.”
Será neste tom realista e com humor que Pedro vai contando o que lhe acontece, à mistura com episódios da sua vida pessoal e profissional, construindo uma geografia sentimental que viaja entre a serra de Sintra e as redações, entre a militância política e as amizades, entre o medo de morrer e o prazer de fazer. Nesta viagem, descobrirá o leitor os estúdios da TSF quando ainda era uma rádio pirata, o fecho épico da primeira edição d’O Independente, programas de TV filmados em fita reversível, o início da VISÃO, a aventura do DNA (suplemento do Diário de Notícias), as conversas na sala de espera de um hospital. Mas descobrirá, sobretudo, um homem íntegro e inteiro.
Amigos… São aqueles que sabem sorrir depois de muitos anos de ausência. Os que se comovem com um abraço forte e chegado. Os que sabem ler no silêncio as palavras que nos faltaram. Cujos nomes não esquecemos nem precisamos de lembrar. São os que queríamos ao pé de nós naquele momento que eles não poderiam adivinhar. Os que estão sempre.
São os que citamos. Cujas histórias recordamos com gosto e prolongadamente. Os que nos fazem lembrar.
São aqueles de quem nos lembramos numa paisagem que se reconhece, num cheiro, numa cor que nos diz respeito. Os que aparecem repentinamente e nos surpreendem.
Amigos. Aqueles com quem quero agora partilhar estas canções. Aqueles que queria aqui bem perto. Os que encontro nos bastidores e me fazem voltar anos e anos atrás.
São os olhares que não mudaram, as palavras e risos que perdemos de vista e do ouvido e, imediatamente, nos soam e são familiares.
Os que dizem a palavra que ficou debaixo da língua.
Os que percebem a palavra sem que a digamos.
São os que não têm medo de olhar, mesmo quando olhar custa porque o tempo passa e estamos todos mais velhos.
São os que descem juntos ao “abismo do vertiginoso futuro”. Os que não cobram nem pagam.
Os que mantêm a conta-corrente em aberto. Os que sabem que a soma das partes não faz um todo, mas que não deixam de entender que no todo estão partes de cada um de nós.
E a conta-corrente volta a preencher-se, linha a linha, de sentimentos e ideias.
A contabilidade acusa os anos, mas não se ressente da idade. Conta-se pelos dedos das mãos, vagarosamente, e a soma é imprecisa, um rascunho do tempo, uma estrela-cadente, um compasso. Passam os anos e regressamos sempre.
Há reencontros que nos parecem óbvios, ainda que inesperados, e outros que nos apanham de surpresa, mesmo que improvisados num degrau dos dias.
Amigos. São assim. São os que sei que vou ver no próximo concerto, na próxima paragem, na próxima estação.
Os que acabam por parar sempre nos lugares onde inevitavelmente paro. Os que abrandam, não vá a gente estar por ali.
Os que apitam, assobiam, telefonam, chamam, gritam. Cujas vozes andam connosco para todo o lado, como grilos nas noites de Verão, e a elas recorremos quando de uma voz precisamos, quando daquela voz precisamos.
São os que nunca morrem. Os que ficam porque dos nossos também são. São de quem nos lembramos quando ouvimos uma canção.
Os que fazem o coração dar voltas sobre si próprio de saudade e remorso e ausência sem ter fim.
São os que merecem o ponto de exclamação no final de um sonoro “que falta que me faz”. E a falta, por mais falta que seja, nunca nos falta quando é deles que falamos. Porque neste “balanço de perdas e danos” o melhor é sabermos que existem e pensam em nós como nós pensamos neles.
Um dia vamos chorar porque queríamos mais e mais tempo não chegou – mas entretanto, inevitavelmente, vamos achando que o tempo não faltará. Porque eles também não faltam.
São os que nos ajudam, os que ainda sabem quem somos e do que somos capazes. Os que nos recordam quem somos.
Aqueles em quem nos revemos, nem que seja por instantes, nem que seja por conta de um instante que já passou. Aqueles cuja palavra é exata.
Um “sim” quer dizer mesmo “sim”, um “não” é a perfeita negação, a recusa, a rejeição.
Na exatidão, eles são o pior e o melhor de nós.
Penso neles quando regresso ao meu melhor passado e sinto que o tempo não me afastou. Nem eu dele.
Como dos amigos. E eu deles.
Pedro Rolo Duarte, in 'Não Respires'
https://visao.sapo.pt/atualidade/sociedade/2017-11-24-morreu-pedro-rolo-duarte/
https://visao.sapo.pt/visaose7e/livros-e-discos/2018-06-06-Nao-Respire-de-Pedro-Rolo-Duarte-um-livro-postumo-sobre-como-a-vida-nao-se-repete/
https://www.citador.pt/textos/amigos-pedro-rolo-duarte
Camilo Castelo Branco - romancista, cronista, crítico, dramaturgo, historiador, poeta e tradutor, foi um dos escritores mais prolíferos e marcantes da literatura portuguesa e talvez a maior figura do movimento romântico. Teve uma existência muito atribulada, com uma vida que conseguiu ser mais mirabolante que qualquer um dos seus romances.
De nome completo Camilo Ferreira Botelho Castelo Branco, nascido em Lisboa a 16 de Março de 1825, na freguesia dos Mártires.
Oriundo de uma família, pelo lado paterno, da aristocracia de província, com distante ascendência cristã-nova, era filho de Manuel Joaquim Botelho Castelo Branco.
O pai foi uma figura que esteve sempre envolvida em escândalos e distúrbios, já desde o tempo em que estudava em Coimbra, chegando a estar envolvido em atividades fraudulentas, pelo menos por duas vezes na sua vida, e preso na Cadeia da Relação do Porto, de onde saiu por influências do pai
que exercia o cargo de juiz. Depois levou uma vida errante entre Vila Real, Viseu e Lisboa e foi ao longo da sua vida um mulherengo que teve várias amantes.
Uma delas, Jacinta Rosa do Espírito Santo Ferreira, filha de modestos pescadores, acabaria por ser mãe de Camilo Castelo Branco e da sua irmã,Carolina. Mas, diz-se que pela imposição da avó paterna de Camilo, que não queria que o nome Castelo Branco estivesse envolvido com alguém de tão
humilde condição, Camilo acabou por ser registado como sendo filho de mãe incógnita.
Os pais de Camilo nunca se chegariam a casar e com a morte da mãe, quando
Camilo tinha apenas 1 ano de idade, o pai pôs os filhos ao cuidado das várias mulheres com quem se envolvia.
Poucos anos mais tarde, quando Camilo tinha apenas dez anos de idade o pai faleceu. A sua morte não passou despercebida a Camilo, acabando por lhe criar, como o próprio diria mais tarde, “um caráter de eterna insatisfação
com a vida”.
Oriundo de uma família humilde de Sabrosa, era filho de Francisco Correia da Rocha e Maria da Conceição de Barros.
Em 1917, aos dez anos, foi mandado para o Porto, instalando-se numa casa apalaçada, de parentes afastados. Fardado de branco, servia de porteiro, moço de recados, regava o jardim, limpava o pó, polia os metais da escadaria nobre e atendia campainhas. Foi despedido um ano depois, devido à constante insubmissão. Em 1918, foi mandado para o seminário de Lamego, onde viveu um dos anos cruciais da sua vida. Estudou português, geografia e história, aprendeu latim e ganhou familiaridade com os textos sagrados. Pouco depois, comunicou ao pai que não seria padre.
Emigrou para o Brasil, em 1920, ainda com treze anos, para trabalhar na fazenda do tio, proprietário de uma fazenda de café em Minas Gerais. Ao fim de quatro anos, o tio apercebe-se da sua inteligência e patrocina-lhe os estudos liceais no Ginásio Leopoldinense, em Leopoldina. Distingue-se como um aluno dotado. Em 1925, convicto de que ele viria a ser doutor em Coimbra, o tio propôs-se pagar-lhe os estudos como recompensa dos cinco anos de serviço, o que o levou a regressar a Portugal e a concluir os estudos liceais.
Os dois irmãos, órfãos de pais, foram recolhidos por uma tia de Vila Real que
se encarregou de os educar.
Através da tia recebeu uma educação básica irregular dada por dois padres de província. Formou-se no meio da pacata vida transmontana, lendo os clássicos portugueses e latinos e literatura eclesiástica.
Uns anos mais tarde, com o casamento da irmã Carolina, que era mais velha,
foi com ela, sob sua guarda, aos treze anos, para as imediações de Vila Real.
A sua permanência em Vila Real acabaria por influenciar muitos contos e
novelas, que escreveria mais tarde, passadas em cenário Minhoto,
nomeadamente as chamadas “Novelas do Minho”.
Com apenas 16 anos, decide, à revelia da irmã, casar-se com Joaquina
Pereira de França, de 14 anos, filha de lavradores, e instala-se com ela numa
casa em Friúme, no distrito de Vila Real. O casamento precoce parece ter resultado de uma mera paixão juvenil e não resistiu muito tempo. O jovem
casal desentendia-se e discutia frequentemente e demorou menos de um ano para Camilo sair de casa, deixando a esposa, grávida de uma filha, para voltar para a casa da irmã.
Um ano depois de se ter casado (1841) decide que quer entrar para a universidade e para isso muda-se para a terra de Granja Velha para poder estudar com um Padre-tutor e preparar-se para os exames de admissão. Um
ano depois consegue ingressar na Escola Médico-Cirúrgica na cidade do Porto.
No Porto, o seu caráter instável, irrequieto e irreverente fá-lo ingressar
por uma vida estudantil boémia e leva-o a amores tumultuosos com Patrícia Emília do Carmo de Barros e uma freira, de nome Isabel Cândida.
Tal vida fá-lo descorar os estudos e não chega a concluir o curso de medicina.
Em 1846, publica os seus primeiros trabalhos literários no jornal “O
Nacional” no qual passara a trabalhar como amanuense. Esse posto, segundo
alguns biógrafos, surge a convite após a sua participação na revolta popular chamada Revolta da Maria da Fonte, ocorrida na primavera de 1846 contra o governo da altura, em que terá combatido ao lado da guerrilha
Miguelista (monárquica) contra os liberais (que pretendiam a instauração em Portugal de um regime constitucional). As suas irreverentes correspondências jornalísticas valeram-lhe agressões físicas na rua por diversas vezes que o levaram ao hospital.
Nesse mesmo ano de 1846, em que passa a viver com Patrícia Emília do
Carmo, morre a sua legitima esposa. A filha de ambos morre no ano
seguinte. Patrícia Emília do Carmo, por sua vez, engravida, mas a sua relação
com Camilo passa então por uma série de desavenças que leva Camilo a
romper com a relação e a fugir, novamente, para a casa da irmã, residente nessa altura em Covas do Douro na região de Trás-os-Montes. Tinha então 21 anos.
Em 1849 volta à cidade do Porto para tentar o curso de Direito. Novamente
no Porto segue uma nova uma vida de boémia repleta de paixões, repartindo o seu tempo entre os cafés e os salões burgueses e dedicandose entretanto ao jornalismo, que o levaria a abandonar o curso de direito.
Em 1850 apaixona-se perdidamente por Ana Augusta Vieira Plácido, uma
jovem que está noiva de outro homem: Manuel Pinheiro Alves, um “negociante
brasileiro” (na verdade um português que tinha negócios no Brasil) que irá
servir de inspiração como personagem em algumas das suas novelas, muitas vezes com caráter depreciativo. Quando Ana Plácido se casa com aquele, Camilo tem uma crise espiritual e ingressa no seminário do Porto em 1851, pretendendo seguir a vida religiosa. Mas o seu tempo no seminário fá-lo ficar desiludido com a vida do clero e isto acabaria por influenciá-lo em muitas das suas obras nas quais se denota uma certa critica à vida religiosa.
Saindo do Seminário e pondo de lado os paradigmas religiosos, Camilo decide
então seduzir e conquistar Ana Plácido, conseguindo-o, e tendo com esta uma relação adúltera.
Em 1859, após alguns anos de amores escondidos do marido desta, decidem fugir os dois. Depois de algum tempo em fuga, são capturados e julgados pelas autoridades. Camilo é acusado do crime de rapto e Ana
Plácido do crime de adultério (crime punível na altura). Naquela época, o
caso emocionou a opinião pública, pelo seu conteúdo tipicamente romântico
de amor contrariado, à revelia das convenções e imposições sociais.
Apesar disso, acabaram ambos por ser enviados para a Cadeia da Relação, no Porto, onde o pai de Camilo também estivera encarcerado.
Na prisão Camilo conheceu e fez amizade com o famoso salteador Zé do Telhado, que roubava burgueses com uma quadrilha de ladrões e que participara em várias revoltas políticas. Com base nesta experiência e da amizade que fizera acabaria por escrever “Memórias do Cárcere”.
Ao fim de um ano de prisão, Camilo e Ana Plácido são absolvidos dos crimes a que tinham sido condenados (curiosamente pelo Juiz José Maria de Almeida Teixeira de Queirós, pai do então muito pequeno, Eça de Queirós), por não existirem provas de adultério consumado e porque a fuga foi feita com intenção das duas partes, não havendo por isso rapto. Camilo e Ana Plácido são então libertados e passam a viver juntos em Lisboa, cidade para a qual se mudam. Camilo tinha então 38 anos de idade.
A vida conjugal com Ana Plácido
(embora não fossem casados)
poderia ter sido mais feliz se não
fossem os problemas financeiros. A um filho já existente (que não se sabe se
seria de Camilo ou do exmarido) nascem mais dois.
Com uma família tão numerosa
para sustentar, Camilo começa então a escrever a um ritmo alucinante,
sendo efetivamente o único escritor de renome da sua geração a ter que
escrever para poder sobreviver, pois todos os escritores conceituados da
altura provinham de famílias com posses. Isto explica como, em quase 40
anos, entre 1851 e 1890, Camilo tenha conseguido escrever mais de duzentas e sessenta obras, com a média superior a 6 livros por ano, sendo efetivamente o escritor português mais publicado de sempre.
Em 1863 publica o seu romance mais
famoso: “Amor de Perdição” que lhe
consolida a reputação como escritor e lhe traz fama a nível nacional.
Entretanto a sua fama como escritor
aumentava. Por volta dos anos de 1880
não havia escritor mais famoso e
celebrado em Portugal do que Camilo
Castelo Branco, tendo inclusive a
Academia Real das Ciências de Lisboa
chegado a fazer-lhe uma homenagem.
Em 1885 o rei D. Luís I de Portugal, decide conceder-lhe o título de 1.º
Visconde de Correia Botelho. Nesse mesmo ano casa-se finalmente com
Ana Plácido. Contava então Camilo com 60 anos.
Desde 1865, Camilo começou a sofrer de graves problemas visuais,
sintomas causados pelo avanço da sífilis (doença venérea), para além de
outros problemas neurológicos que lhe provocavam uma progressiva cegueira, aflitivamente crescente, que lhe ia atrofiando o nervo ótico, impedindo-o de ler e de trabalhar capazmente. Esta incapacidade visual, aliada às dificuldades financeiras e à sua perceção de que tinha uns filhos
incapazes (considera o mais velho um desatinado e o mais novo um louco)
davam-lhe enormes preocupações, acentuavam-lhe o mau feitio e faziam-no
mergulhar numa profunda depressão.
A 1 de Junho desse ano, o Dr. Magalhães Machado visita o escritor em Seide. Depois de lhe examinar os olhos condenados, o médico com alguma
diplomacia, recomenda-lhe o descanso numas termas e depois, mais tarde, talvez se poderia falar num eventual
tratamento. Quando Ana Plácido acompanhava o médico até à porta, eram três horas e um quarto da tarde, sentado na sua cadeira de baloiço, desenganado e completamente
desalentado, Camilo Castelo Branco disparou um tiro de revólver na têmpora direita para se suicidar. Tinha 65 anos.
Camilo foi um dos mais brilhantes cultores do romance de costumes contemporâneos da época e da novela passional; o mais fecundo polígrafo e talvez o mais opulento e vernáculo prosador da nossa literatura, quase sempre com uma profunda sintonia com as maneiras de ser e sentir do povo português da sua época. Cultivou, além do romance e da novela, o conto, o teatro, a poesia, a história, a polémica, a crítica literária e outros géneros menores. Foi no romance que Camilo mais se notabilizou com um estilo predominantemente romântico, no entanto, não o foi exclusivamente.
O conjunto da sua obra, vasta e extensa, para além de ser um espelho das suas vivências e experiências de vida são também um reflexo da sua mentalidade, da sua perceção moral e das preocupações que determinaram de certa forma a sua vida.
Adolfo Correia da Rocha, conhecido pelo pseudónimo Miguel Torga nasceu em São Martinho de Anta, Vila Real, a 12 de agosto de 1907.
Faleceu em Coimbra, a 17 de janeiro de 1995, tendo sido foi um dos mais influentes poetas e escritores portugueses do século XX.
Torga destacou-se como poeta, contista e memorialista, mas escreveu também romances, peças de teatro e ensaios. Foi laureado com o Prémio Camões de 1989, o mais importante da língua portuguesa.
Em 1934, aos vinte e sete anos, Adolfo Correia da Rocha cria o pseudónimo "Miguel" e "Torga". Miguel, em homenagem a dois grandes vultos da cultura ibérica: Miguel de Cervantes e Miguel de Unamuno. Já “Torga” é uma planta brava da montanha, a urze que deita raízes fortes sob a aridez da rocha, de flor branca, arroxeada ou cor de vinho, com um caule incrivelmente retilíneo.
Oriundo de uma família humilde de Sabrosa, era filho de Francisco Correia da Rocha e Maria da Conceição de Barros.
Em 1917, aos dez anos, foi mandado para o Porto, instalando-se numa casa apalaçada, de parentes afastados. Fardado de branco, servia de porteiro, moço de recados, regava o jardim, limpava o pó, polia os metais da escadaria nobre e atendia campainhas. Foi despedido um ano depois, devido à constante insubmissão. Em 1918, foi mandado para o seminário de Lamego, onde viveu um dos anos cruciais da sua vida. Estudou português, geografia e história, aprendeu latim e ganhou familiaridade com os textos sagrados. Pouco depois, comunicou ao pai que não seria padre.
Emigrou para o Brasil, em 1920, ainda com treze anos, para trabalhar na fazenda do tio, proprietário de uma fazenda de café em Minas Gerais. Ao fim de quatro anos, o tio apercebe-se da sua inteligência e patrocina-lhe os estudos liceais no Ginásio Leopoldinense, em Leopoldina. Distingue-se como um aluno dotado. Em 1925, convicto de que ele viria a ser doutor em Coimbra, o tio propôs-se pagar-lhe os estudos como recompensa dos cinco anos de serviço, o que o levou a regressar a Portugal e a concluir os estudos liceais.
Em 1928, entra para a Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra e publica o seu primeiro livro de poemas, Ansiedade. Em 1929, com vinte e dois anos, deu início à colaboração na revista Presença, folha de arte e crítica, com o poema Altitudes. A revista, fundada em 1927 pelo grupo literário avançado de José Régio, Gaspar Simões e Branquinho da Fonseca era bandeira literária do grupo modernista e bandeira libertária da revolução modernista. Em 1930, rompe definitivamente com a revista Presença, junto com Edmundo Bettencourt e Branquinho da Fonseca, por «razões de discordância estética e razões de liberdade humana», assumindo uma posição independente.
Crítico da praxe e das restantes tradições académicas, chama depreciativamente «farda» à capa e batina. Ama a cidade de Leiria, onde exerce a sua profissão de médico, a partir de 1939 e até 1942, onde escreve a maioria dos seus livros. Em 1933, concluiu a licenciatura em medicina pela Universidade de Coimbra. Começou a exercer a profissão nas terras agrestes transmontanas, pano de fundo de grande parte da sua obra. Dividiu o seu tempo entre a clínica de otorrinolaringologia e a literatura.
Após a Revolução dos Cravos, que derrubou o Estado Novo, em 1974, Torga surge na política para apoiar a candidatura de Ramalho Eanes à presidência da República (1979). Era, porém, avesso à agitação e à publicidade e manteve-se distante de movimentos políticos e literários.
Autor prolífico, publicou mais de cinquenta livros, ao longo de seis décadas, e foi, várias vezes, indicado para o Prémio Nobel da Literatura.
Rende homenagem a Fernando Pessoa, numa nota do Diário, aquando da morte do poeta:
Vila Nova, 3 de Dezembro de 1935
Morreu Fernando Pessoa. Mal acabei de ler a notícia no jornal, fechei a porta do consultório e meti-me pelos montes a cabo. Fui chorar com os pinheiros e as fragas a morte do nosso maior poeta de hoje, que Portugal viu passar num caixão para a eternidade sem ao menos perguntar quem era.
(Diário, I, 1941).
Serão recorrentes, ao longo da obra de Miguel Torga, as referências admirativas a Fernando pessoa. Em 1983, escreverá que “ninguém antes tinha realizado o milagre de criar de raiz um Portugal feito de versos.” (Diário, XIV, 1987)
A obra de Torga tem um carácter humanista: criado nas serras transmontanas, entre os trabalhadores rurais, assistindo aos ciclos de perpetuação da natureza, Torga aprendeu o valor de cada homem, como criador e propagador da vida e da natureza: sem o homem, não haveria searas, não haveria vinhas, não haveria toda a paisagem duriense, feita de socalcos nas rochas, obra magnífica de muitas gerações de trabalho humano. Ora, estes homens e as suas obras levam Torga a revoltar-se contra a divindade transcendente a favor da imanência: para ele, só a humanidade seria digna de louvores, de cânticos, de admiração: (hinos aos deuses, não/os homens é que merecem/que se lhes cante a virtude/bichos que cavam no chão/atuam como parecem/sem um disfarce que os mude).
Para Miguel Torga, nenhum deus é digno de louvor: na sua condição omnisciente é-lhe muito fácil ser virtuoso, e enquanto ser sobrenatural não se lhe opõe qualquer dificuldade para fazer a natureza - mas o homem, limitado, finito, condicionado, exposto à doença, à miséria, à desgraça e à morte é também capaz de criar, e é sobretudo capaz de se impor à natureza, como os trabalhadores rurais transmontanos impuseram a sua vontade de semear a terra aos penedos bravios das serras.
E é essa capacidade de moldar o meio, de verdadeiramente fazer a natureza, malgrado todas as limitações de bicho, de ser humano mortal que, ao ver de Torga, fazem do homem único ser digno de adoração.
Em 1989, recebe o Prémio Camões. Trata-se do primeiro autor a receber o mais importante galardão literário da língua portuguesa. O prémio é entregue em Ponta Delgada, no âmbito das comemorações do 10 de Junho, numa cerimónia presidida pelo Presidente da República, Mário Soares.
Fernando António Nogueira Pessoa nasceu em Lisboa a 13 de junho de 1888 e aí faleceu a 30 de novembro de 1935, com apenas 47 anos.
“Se depois de eu morrer, quiserem escrever a minha biografia, não há nada mais simples. Têm só duas datas: a da
minha nascença e a da
minha morte. Entre uma e outra coisa, todos os dias são meus“
“Passou nove anos da sua infância em Durban, na colónia britânica da África do Sul, onde o seu padrasto era o cônsul Português. Pessoa, que tinha cinco anos quando o seu pai morreu de tuberculose, tornou-se um rapaz tímido e cheio de imaginação, e um estudante brilhante. Pouco depois de completar 17 anos, voltou a Lisboa para entrar no Curso Superior de Letras, que abandonou depois de dois anos, sem ter feito um único exame. Preferiu estudar por sua própria conta na Biblioteca Nacional, onde leu livros de filosofia, de religião, de sociologia e de literatura (portuguesa em particular) a fim de completar e expandir a educação tradicional inglesa que recebera na África do Sul. A sua produção de poesia e de prosa em
inglês foi intensa durante este período, e por volta de 1910, já escrevia também muito em português. Publicou o seu primeiro ensaio de crítica literária em 1912, o primeiro texto de prosa criativa (um trecho do Livro do Desassossego) em 1913, e os primeiros poemas de adulto em 1914.”
Ortónimo Alberto Caeiro Ricardo Reis Álvaro de Campos Bernardo Soares
_“Embora solitário por natureza, com uma vida social limitada e quase sem vida amorosa, foi um líder activo da corrente modernista em Portugal, na década de 1910, e ele próprio inventou alguns movimentos, entre os quais um «Interseccionismo» de inspiração cubista e um estridente e semi- futurista «Sensacionismo». Pessoa manteve-se afastado das luzes da ribalta, exercendo a sua influência, todavia, através da escrita e das tertúlias com algumas das mais notáveis figuras literárias portuguesas.
_Pessoa escrevia em cadernos de notas, em folhas soltas, no verso de cartas, em anúncios e panfletos, no papel timbrado das firmas para as quais trabalhava e dos cafés que frequentava, em sobrescritos, em sobras de papel e nas margens dos seus textos antigos. Para aumentar a confusão, escreveu sob dezenas de nomes, uma prática – ou compulsão – que começou na infância. Chamou heterónimos aos mais importantes destes «outros eus», dotando-os de biografias, características físicas, personalidades, visões políticas, atitudes religiosas e atividades literárias próprias.
_Algumas das mais memoráveis obras de Pessoa escritas em português foram por ele atribuídas aos três principais heterónimos poéticos – Alberto Caeiro, Ricardo Reis e Álvaro de Campos – e ao «semi-heterónimo» Bernardo Soares, enquanto muitos poemas e alguma prosa em inglês foram assinados por Alexander Search e Charles Robert Anon.
_Hoje, mais de oitenta anos após a morte de Pessoa, o seu vasto mundo literário ainda não está completamente inventariado pelos estudiosos, e uma importante parte das suas obras em prosa continua à espera de ser publicada.”
Exemplo marcante do desalento que caracteriza o poeta:
TABACARIA (excerto do poema)
“Não sou nada. Nunca serei nada.
Não posso querer ser nada.
À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo
Texto_Profª_Margarida Teixeira
Os prémios Nobel da Literatura de 2018 e 2019 foram atribuídos aos escritores Olga Tokarczuk e Peter Handke, respetivamente. O anúncio foi feito ao final da manhã desta quinta-feira, em Estocolmo, na Suécia, seguindo-se uma justificação exaustiva das razões que levaram à escolha de Tokarczuk e Handke por parte do júri, uma novidade que pretende tornar o processo de seleção do vencedor do prémio mais transparente depois da polémica que levou à suspensão do Nobel da Literatura durante um ano.