CO(N)VID_ADOS A PARTILHAR _


Apetece cantar, mas ninguém canta.
Apetece chorar, mas ninguém chora.
Um fantasma levanta
A mão do medo sobre a nossa hora.

Apetece gritar, mas ninguém grita.
Apetece fugir, mas ninguém foge.
Um fantasma limita
Todo o futuro a este dia de hoje.


Miguel Torga, in 'Cântico do Homem'  Pessoa 

EU E O CONFINAMENTO

Agora que os tempos da quarentena parecem distantes e quase esquecidos, deixamos aqui alguns texto de alunos que foram desafiados a desenhar 8 objetos que marcaram a sua vida durante o confinamento.

O título era: "Os objetos da minha quarentena". De seguida, escreveram um texto, onde apareciam esses objetos e no qual cada um partilhou como foi e estar a ser a vida deles durante este período.

Estes textos serviram para a apresentação oral de final de ano da disciplina de Português do 9.º ano, turmas C e D.
Começo por partilhar alguns! Outros irão surgindo nos próximos dias.

prof. Ana Paula Neves 
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54 dias depois de ter entrado em casa...

A minha quarentena (ou isolamento) começou no dia 13 de março. No início foi estranho, pois fui “fechada” em casa antes do 2o período terminar, não podia ver nem estar com ninguém (só com a minha mãe, mas ela mora na mesma casa que eu!) e nem sequer podia pôr um pé no tapete da entrada...
Nos primeiros dias nem sabia a quantas andava, nem que dia da semana era! Os dias eram todos iguais. Nada de novo. Exceto quando um vizinho tossia nas escadas, aí eu e a minha mãe entrávamos em pânico (estou a exagerar, claro!). Felizmente tinha muito com que me entreter: livros, televisão, telemóvel e, claro, alguns trabalhos de casa. Até tive umas aulas privadas de francês (privadas porque a minha professora era... claro, a madame minha mãe!), mas depressa percebi que não me cativava muito. Depois ambas decidimos aprender linguagem gestual através de uns vídeos na internet. Isso sim foi divertido. A minha “quebra” no entretenimento foi quando me apercebi que já estava a meio do último livro que tinha para ler durante os seguintes meses. Paniquei um pouco pois a biblioteca estava fechada e não tinha como requisitar livros. Como é que eu ia manter a minha sanidade mental sem um livro?! Tragédia... Felizmente existem os e-books. Modernices! Mas que jeito deram...

Por incrível que pareça, eu sentia (e sinto) saudades da escola: estar com o meu grupo nos intervalos, namoriscar, até das aulas presenciais! Para ser sincera, prefiro as aulas na escola do que as aulas através do Classroom. Cada um dos métodos tem as suas vantagens e as aulas online permitiram a todos os alunos (ou quase todos) poderem continuar a ter aulas a partir de casa, estando protegidos do vírus. Contudo, continuo a gostar mais de ir à escola. Mas, se esta é a maneira mais segura de aprendermos, então eu não me importo, mesmo não gostando por aí além.
O coronavírus chegou em força ao lar de Santiago de Cassurrães, lar onde trabalham algumas tias minhas e onde a minha avó trabalhou. Muitos idosos foram infetados, alguns eu conhecia. Uma das minhas tias foi infetada, mas graças a Deus conseguiu lutar contra o vírus bastante depressa. Mas nem tudo correu bem... Alguns idosos morreram, uns eu conhecia, outros já tinha ouvido falar. Foi muito triste... O melhor que eu podia fazer por mim e pela minha mãe era continuar a ficar em casa, para não correr o risco de contagiar ou ser contagiada por alguém.
Tudo mudou... O simples ato de ir à janela dava uma visão estranha: não se via ninguém nas ruas. Nem nas janelas sequer. Passei muitas horas a ver televisão, a assistir a esta nova e desoladora realidade, que agora é a nossa. E o que via dizia-me que se não tivesse a certeza de que era real, iria pensar que tudo se tratava de um filme de ficção científica. Um filme longo. Muito longo. E sem se perceber qual o desfecho...

Ao longo da “clausura” perguntei-me: como é que algumas pessoas me aturam, se eu própria já estou farta de me aturar? Uma questão interessante à qual a resposta foi: “não sei”. Obrigada por me esclarecerem! Agora a falar a sério. Com esta situação, tive tempo (de sobra) para refletir muito. Cheguei à conclusão que tenho de deixar de ser tão fria com as pessoas. Quer dizer, eu não era fria, eu era um cato pois não deixava quase ninguém aproximar-se demasiado de mim, só algumas pessoas e mesmo assim... Então pensei para com os meus botões: “Vou mudar um pouco em relação a isso”. Mudei durante cinco minutos. Eu esforcei-me! Juro!
Mas nem foi assim TÃOOOO difícil ficar fechada em casa durante quase dois meses. Podia comunicar à mesma com os meus amigos, namorado e família através da internet e é muito mais fácil ignorar alguém de quem gostamos menos pelo telemóvel do que na vida real.
Saí de casa passados 54 dias. Sim, é isso mesmo. Cinquenta e quatro longos dias de exílio! Jamais tinha imaginado que iria ficar tanto tempo presa em casa. Senti-me uma freira a sair do convento pela primeira vez em 75 anos. Respirei ar puro por... 15 minutos. Soube bem mas, por incrível que pareça, queria regressar a casa. De ter estado tanto tempo entre 4 paredes, o sol fazia-me “confusão”. Senti-me um vampiro!

Agora, finalmente posso estar com os meus avós ou com o meu namorado (são as pessoas que moram mais perto de mim, o resto mora em cascos de rolha, onde Judas perdeu as botas). Posso sair à rua com as devidas medidas de segurança? Sim. Eu vou à rua? Frequentemente! Saio com o meu pequeno fiscal (entenda-se: mãe).
Foi uma etapa um pouco complicada, pois para além da situação pandémica, os problemas de saúde da minha mãe também estiveram (e estão) muito presentes. É muita “coisa” junta e, por vezes, não soube lidar com algumas angústias e medos...
Mesmo sabendo que nada vai ser como antes, espero que um dia possamos viver de uma forma o mais normal possível. O que quer que seja a normalidade! E faz-me tão bem ouvir a canção que diz “andrà tutto bene, vai ficar tudo bem, everything will be alright, tout ira bien...”.
Íngride

Ingrid, 9.º B 

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2020, algo para recordar ou situação para esquecer?
O ano de 2020 trouxe-nos uma grande mudança de rotina. De repente, o Mundo parou, as escolas fecharam, mandaram-nos para casa, nos supermercados já só entra uma pessoa, ninguém pode sair do concelho, ninguém entra nem ninguém sai do país, puseram-nos trancados em casa com se fossemos algum animal de circo que está enjaulado, e muitas outras coisas aconteceram neste período de contingência. A pergunta que toda a gente faz é «Por que razão chegou ele ao Mundo?» e eu posso responder. Este vírus estava farto de nos ver regredir em vez de progredir, das nossas relações abusivas, de nos ver a destruir continuamente tudo com as nossas mãos. Ele estava cansado de nos ver a matar, a agredir, dos nossos conflitos armados, dos preconceitos. Nós devemos valorizar tudo o que temos, devemos abraçar os nossos amigos, devemos beijar a nossa família e enchê-la de orgulho. Este tempo que passámos agora sem a família é para aprendermos a valorizá-la, a amá-la, e para conhecermos o leve desfrutar da vida que nos foi dada. Tal como já referi, o Covid-19 conduziu-nos a uma nova rotina.

De manhã, levanto-me, e agradeço a Deus por ainda estar vivo, enquanto milhares de pessoas não têm a mesma sorte do que eu. Visto-me e desço as escadas em direção à cozinha, onde como o meu pequeno-almoço e falo com a minha família.

Após esta importante refeição faço a minha higiene pessoal e vou para o meu quarto, ligo o meu computador e assisto às aulas da manhã. Por vezes, não tenho videochamadas e, nesses momentos de liberdade, ligo o meu telemóvel e vejo um filme, ouço música. Depois das aulas da manhã, a minha avó chama-me para ir comer o almoço, que aqui entre nós está sempre bom, e converso com ela, com o meu pequeno irmão e com o meu avô. Depois do almoço é vez de o meu irmão ter aulas e aí, deito-me na minha cama e leio um bom livro, que neste momento é «Vinte Mil Léguas Submarinas». Depois das aulas chatas do meu irmão (chatas porque eu já sei aquilo tudo), vou andar um bocado de bicicleta ou jogo alguma coisa com o meu irmão e ajudo-o a fazer os trabalhos de casa. Já muito mais tarde, pego na minha caneta e faço os meus trabalhos de casa, mas como já está a anoitecer e já quase não se vê nada, ligo o meu candeeiro e já consigo trabalhar melhor.

Depois de jantar com a minha família e de ter feito todos os meus trabalhos de casa, vou fazer a minha higiene pessoal e sento-me na minha adorada secretária a trabalhar no meu projeto ultrassecreto, que ainda não precisa de ser divulgado e lá passo uma hora. Volto a descer as escadas e vou ver um pouco de televisão na sala ou na cozinha com a minha família e conversamos sobre o dia de cada um e partilhamos algumas informações.

Quando começo a sentir-me mais sonolento, vou para o meu quarto depois de fazer a minha higiene e sei que chega a hora de carregar baterias.

Miguel, 9ºD

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A minha quarentena tem sido marcada por vários objetos que uso durante o dia a dia, sejam reais ou em jogos e apps.
O primeiro objeto que utilizo assim que me levanto da cama é o meu iPhone. Neste objeto, eu costumo jogar jogos de carros, consulto as minhas apps de compras online, vou ao Classroom, mantenho-me em contacto com a minha família e, por fim, é onde eu assisto às aulas síncronas no Google Meet.

Quando entro na cozinha para tomar o meu pequeno almoço, vejo de imediato dois outros objetos da minha quarentena que são o meu microondas e o meu robô de cozinha. O microondas é um objeto que uso frequentemente na minha quarentena, para poder aquecer o meu almoço, visto que a minha mãe já o deixa feito por estar a trabalhar. O robô de cozinha, utilizo frequentemente para fazer bolos, mas nesta quarentena tenho-lhe dado mais uso, pois faço mais bolos, não só para mim, mas também para levar aos meus avós, que têm estado demasiado sozinhos neste período de confinamento. Depois de fazer a minha higiene pessoal e tomar o pequeno almoço, vou para o escritório do meu pai, onde está o meu computador que é o objeto mais usado por mim nestes tempos. Nele eu jogo, vejo as minhas séries sobre jogos no YouTube e é também onde realizo os trabalhos propostos pelos professores.

Como esta quarentena é para ser bem aproveitada, não só pela escola, mas também pelo lazer, quando quero “desligar-me do Mundo”, eu uso o meu iPad, onde eu jogo “House Designer”, que tal como o nome indica, é um jogo onde se renova casas e também se compram. Neste jogo, eu uso uma coisa muito importante numa casa, uma planta, que ajuda o jogador a movimentar-se. Ainda no conteúdo dos jogos, também jogo “Car Mechanic Simulator 2018”, que é um simulador de uma oficina de carros que permite ao mecânico (jogador) comprar peças, atender pedidos de clientes com problemas nos seus carros e ainda comprar carros e restaurá-los. Na oficina, eu utilizo um suporte de motores, que serve para colocar o motor depois de este ser retirado do carro, o que permite ao jogador ver melhor as peças e também desmontá-las com mais facilidade.

Aos fins de semana, aproveito que tenho o meu pai e a minha mãe em casa para me poder divertir com eles e assim poder-me abstrair um pouco da realidade que todos estamos a viver. Por exemplo, com o meu pai divirto-me a montar e desmontar coisas e também a arranjar utensílios que estejam estragados. Para isso, eu uso a minha aparafusadora, que me ajuda a apertar e desapertar parafusos sem ter que fazer demasiada força.

E esta é a minha rotina desta quarentena, a qual, apesar de ter sido um grande choque quando nos disseram na escola que não íamos voltar a ter aulas e também apesar de estar a ser um período difícil para todos, tem sido cada vez mais um período que nos pode habituar para outras situações deste género. Estes objetos têm tido também um papel fundamental no que toca a passar o tempo, enquanto estou em confinamento. 

Rodrigo, 9º D

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Era uma vez dias nunca esperados, onde as únicas coisas significativas eram os objetos que temos em casa.
De em viver em sociedade passámos por ficar cada vez mais sós, de tal maneira que tanto a nível físico como a nível psicológico começámos a esquecer e a perder força, pois lá fora nada se passava e dentro de casa, estafados já estávamos.

Para não cair na tentação do pior, decidi aproveitar estes dias para o bem, melhorando o meu bem-estar e promovendo tanto a minha saúde física como a mental, sendo assim agarrei-me às sapatilhas e lá continuei a praticar todos os dias.

Sem dúvida que, com tanto exercício, comecei também a ter hábitos mais saudáveis, desde comer menos sal e açúcar a beber mais água, coisa que em dias de rotina não dava tanta importância, então, desde aí, e continuando até hoje, continuo a beber uma garrafa de água todos os dias, que para muitos pode não ser nada, mas para mim recebeu um significado um pouco diferente.

Com tanto tempo livre em casa, aproveitei para mudar um pouco e assim agarrei–me ao pente e experimentei mudar um pouco de visual, fui-me inspirando, pois tudo o que eu via mais nesta quarentena foram provavelmente clones de pessoas de franja, mas como não é o mesmo estilo fiquei apenas pelos diferentes penteados que testava. Uma das coisas que eu mais gosto de fazer é ver séries e filmes, então aproveitei este tempo para ver uma série interessante que falava de uma adolescente que se suicida e que vai gravar várias cassetes (cada uma apresenta um motivo para tal ato, estes motivos são os representam as vivências de muitos adolescentes que se sentem sozinhos e não compreendidos.

Entretanto chegou a escola, uma diferente atualização da escola de 2020, e, provavelmente, a coisa que mais mudou, tanto para nós, alunos, como para os professores. Sem dúvida que começamos a usar mais o computador e dali nunca mais saímos e o ecrã, que quase se partia de tantos trabalhos que tínhamos no início.

Com tantas mudanças, o que restava no final era apenas uma caneca de chá e um jogo de bilhar para um final de tarde e prepara-me para mais um dia.

Isabel Tavares N.º 7 9ºC

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Como todos sabem, devido à pandemia do Covid-19, fomos obrigados a ficar de quarentena em casa e para eu passar o tempo fiz uma lista de “objetos” que me ajudaram a passar este período.

Como tudo vou ter de começar pelo início, ou seja, desde manhã. Um dos objetos que tenho mais usado é a minha cama, já que posso passar lá mais tempo sem me movimentar muito. Não é dos meus favoritos mas é dos mais importantes.
Continuando pela ordem decrescente de utilização vou escolher o meu computador, devido ao tempo gasto (escola e passatempos) e porque é o meu objeto mais universal.

Também no ramo da tecnologia, temos a minha televisão que é outro instrumento tanto de estudo (telescola) quanto de entretenimento.
Deixando de parte o meu quarto para evitar o sedentarismo, desenhei dois objetos que simbolizam a caminhada/corrida e o desporto (neste caso o futebol). Estes objetos são fundamentais porque nos ajuda a manter a rotina.

Por último, os binóculos, que simbolizam o tempo que passo a ver a paisagem. Coloquei este em último, porque é o que menos faço, mas estou constantemente a fazê-lo, ou seja, a almoçar, a estudar, a correr, etc. Estou sempre a observar a vista sem o querer fazer propositalmente.

O 1º que escolhi foi as plataformas de entretenimento através de vídeos e livestreams - Youtube e Twitch. Para quem não sabe o que a segunda serve é a mesma coisa, mas mais focado em livestreams e jogos. Escolhi ambos porque 50% do tempo que gasto no meu computador/telemóvel é ocupado por estas aplicações/websites.

O 2º é um logótipo de uma equipa de e-sports pela qual eu torço. Tal como as pessoas “normais” têm uma equipa de futebol que apoiam, eu escolhi este porque eu passo mais tempo a jogar e a apoiar que a assistir outros desportos.
No início pensava que não ter de ir à escola, não ter de acordar às 7:00 e não ter de me cansar para chegar à aula a tempo ia ser um sonho, mas não foi assim tão fácil (no entanto é sempre melhor, na minha opinião). A quantidade de trabalhos propostos pelos professores são iguais senão mais, a concentração nas aulas torna-se mais complicada devido às IMENSAS distrações e estamos a estragar a nossa rotina que nos vai prejudicar no futuro. Entre escolher entre uma e outra forma de ensino eu optaria por 50/50, escolhendo o que será mais saudável dentro das medidas de segurança.

Escola à parte, a minha vida social não se alterou muito, já que a maior parte dos meus amigos nunca os vi na vida, quanto aos amigos locais não foi a mesma coisa, mas acho que ninguém ficou triste (salvo aqueles que se arriscaram mesmo a se encontrarem). Aquilo que mais me atormentou durante a quarentena foi a falta de movimentação, o que para além de me ter feito ganhar peso (eu continuo a fazer exercício físico, mas não se compara), tive de abdicar das atividades inúteis que fazia, mas me deixavam feliz.
Relacionando esta conclusão com os objetos, eles são apenas uma pequena parte da minha vida, mas que fazem toda a diferença.

Emanuel, 9.ºD

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Era uma vez um vírus que nos enfrentou, isto pôs todas as pessoas preocupadas e com medo, com isto tudo o mundo praticamente teve que parar. Quando se ligava a televisão só se falava de desgraça, eu e de certeza as outras pessoas ficávamos cada vez mais tristes, com receio do vírus chegar a nós ou levar alguém de quem gostássemos muito.

O que aconteceu foi inesperado, ninguém conseguia adivinhar e ao início as pessoas não acreditavam que fosse tão perigoso.

Com isto tudo, as aulas pararam de ser presencias antes que nos infetássemos todos e começaram a ser em casa, pelo computador a ter videochamadas e trabalhos para fazer. Eu ando no nono ano e ia ter exames, mas com este acontecimento cancelaram o exame.

Como tivémos de estar tanto tempo em casa, tive que encontrar alguma coisa para me distrair e comecei a ler livros, a ver séries como “La casa de papel” e onde vi era no telemóvel o qual também usava para falar com a minha família e amigos. Cada vez que lia ou que via as séries e falava com as pessoas de quem mais gosto ficava contente, pois tinha acontecido algo de novo e, enquanto fazia isso, não me lembrava do que estava a acontecer.

Onde passava muito tempo nesta quarentena, sem ser no quarto a ter as aulas, era e é na sala mais precisamente no sofá onde estava com os meus pais e com o meu irmão. Nestes dias nós os 4 montámos um puzzle e foi muito divertido. Há muito tempo que não nos divertíamos todos juntos.

Entretanto, eu ia à quinta, apareceu lá um cãozinho lindo e fiquei com ele, eu estava muito feliz e ele também porque tinha um lar novo. Dei-lhe o nome de Patas, pois as patas dele eram grandes e gordinhas, passei muito tempo lá a passeá-lo com a trela e a coleira dele.

Nesta quarentena também tenho ajudado o meu irmão, pois ele é cozinheiro e está a fazer receitas para os chefes dele na escola e eu tive o papel de o gravar, tirar fotografias e editar-lhe os vídeos. Eu também andei nesta quarentena a tirar fotografias aos meus animais de estimação que são uma coelha chamada Sol e o meu cão o Patas.

E assim foi e continua a quarentena.

Raquel Fonseca Nº 20 9.º C

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Apesar de já não estarmos em quarentena, temos que continuar a ser bastante cuidadosos. No início da quarentena todos pensámos que não ia durar: “ah vão ser só duas semanitas”, pensávamos nós e agora, meses depois, aqui estamos a ter aulas em casa e a passarmos o nosso tempo livre no sofá a ver Netflix.
Sinceramente, isto para mim não é pior, o pior é mesmo quando tivemos que nos afastar dos nossos familiares queridos pela sua segurança e pela nossa também (principalmente dos nossos avós por pertencerem a um grupo de risco). Não só de familiares, mas também os nossos amigos que são a família que escolhemos.

Não poder socializar com eles nem contar as novidades (que não eram nenhumas, pois estávamos sempre em casa e a vida tornou-se aborrecida e monótona) era muito mau porque estávamos praticamente todos os dias com eles.

As aulas em casa podem ser descritas com uma palavra: mudança. Mudança e das grandes. Passámos da situação dos professoras nos estarem constantemente a alertar e dizer para não estarmos tanto tempo no telemóvel e no computador, para se tornarem a nossa realidade praticamente 24/7.

Mais recentemente comecei a sair, e os meus passatempos têm sido fazer caminhadas e andar de bicicleta. Eu adoro andar de bicicleta, dá aquela sensação de liberdade e distrai-me um pouco da realidade e de todo o caos que está acontecer neste momento. O que também me distrai e me deixa mais alegre é ir para a minha varanda, apanhar algum ar e só olhar para a paisagem sem fazer nada, para poder também espairecer.

Outra das coisas que me distraiu foi cozinhar. Aprendi novas receitas e melhorei algumas das minhas técnicas.

Durante este tempo tentei ser mais organizada e coordenar melhor o meu tempo (o que pode ser descrito por uma tentativa falhada), pois sempre que podia ir tirar uma sesta 

Maria Miguel Nº 13 9.ºC

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Devido a esta situação do coronavírus, que é nova para todos, tivemos que ficar em casa, o que era para ser divertido começa a tornar-se chato, pois todos os dias representam as mesmas rotinas, todos os dias sem ver os meus amigos e sem ir ver os meus avós principalmente, que são das pessoas mais importantes para mim.

A playstation, já era importante, mas agora tornou-se cada vez mais importante, pois consigo divertir-me nos tempos livres e consigo falar com os amigos com quem já não falava há muito tempo. Mas às vezes começa-se a tornar chato, aí deito me na cama, um dos sítios onde mais estive durante esta quarentena, e vou para o telemóvel. Às vezes aproveito esse momento para ligar aos meus avós, coisa que antes não fazia tanto, ou também aproveito para ir ao insta, a minha rede social preferida.

O FIFA é sem duvida o jogo que eu mais gosto e também o que mais jogo, é aquele jogo que uma pessoa joga com os amigos para descontrair.

E a minha rotina é um bocado isto, acordo, jogo, estou um bocado no telemóvel e à noite deito-me um bocado na cama a ver televisão, coisa que faço sempre.
Nos fim de semana aproveito, que agora já se pode sair de casa, e vou dar uma volta de bicicleta pelas matas onde não apanho gente, só mesmo a natureza.

Nestas últimas semanas, o computador tem sido essencial se não não conseguia estar nas aulas online, o que é importante principalmente para o próximo ano.

Ao início isto parecia porreiro, sem aulas e tal, mas agora uma pessoa vê que não é, é perigoso para as pessoas e temos que ter cuidado porque este vírus mata.

Daniel 9.º D

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Este ano tudo mudou… Ninguém imaginava que tudo ia ser como foi o nosso 2020, pelo menos até agora. Quando isto irá acabar?
No início ninguém estava muito preocupado com o vírus mas, de repente, fomos obrigados a ficar em casa e quando dei por mim passaram quase três meses… Os meus dias pareciam sempre iguais, parecia um ciclo vicioso e que não saía do mesmo lugar, parecia um autêntico filme de tão impossível que era a situação, até que se provou que sim, é real. Tentava sempre entreter-me com alguma coisa para não morrer de tédio, até cheguei ao ponto de ficar bem feliz só por levar o meu cão à rua…

A minha salvação foi o telemóvel, uma pequena caixinha mágica que nos ensina tanta coisa, como por exemplo, novas receitas, até que um dia eu estava a dar uma vista de olhos quando reparei numa coisa fantástica, ele estava a brilhar mais do que o normal e eu resolvi levá-lo à loja para ver o que se passava, mas depois, quando saí da porta, reparei que tudo estava diferente, as árvores roxas, o céu coberto de nuvens que pareciam almofadas, entre outras coisas… mas o mais estranho era a música que estava a tocar, muito alta mas agradável de se ouvir.

Eu só pensava, “o que está a acontecer?” Voltei-me para trás e reparei que a loja tinha desaparecido, como assim?

Estaria num mundo completamente diferente. Passado algum tempo, as árvores mudaram de cor outra vez, mas desta vez para amarelo. Comecei a caminhar para ver o que mais tinha mudado… era como se fosse um sonho. E logo descobri de onde vinha a tal música… Vinha de um rádio que se localizava em cima de um monte de almofadas. Lembrei-me de pegar no meu telemóvel e apagou-se tudo, os contactos, as fotos, tudo. Era o fim… como eu ia conseguir sair dali, sem poder chamar alguém. A única coisa que me restava era caminhar e procurar uma saída.

Parei um pouco, estava cansada, de repente apareceu um relógio em cima da minha cabeça a dizer que faltava 20 min, mas 20 min para quê? E no resto do meu “passeio” encontrei uma jarra de flores muito bonita com vários desenhos, mas maior do que o chamado “ normal”. Caminhei e caminhei por entre vales de almofadas e encontrei um túnel de onde vinha muita luz…

No fundo de um túnel, existia uma janela, e por curiosidade, fui lá para ver onde ia dar e, para meu espanto, era a saída para a realidade e então saí por lá …

Quando saí da janela, acordei com uma luz que vinha de um candeeiro da minha secretária, pois tinha adormecido a fazer trabalhos e apercebi-me que aquela aventura toda tinha sido apenas um sonho. Um belo sonho…

Maria João 9.º C