No dia 21 de março, o Agrupamento de Escolas de Nelas celebrou o Dia Mundial da Poesia com uma homenagem especial a Luís Vaz de Camões, no âmbito das comemorações dos 500 anos do seu nascimento.
Na Escola Secundária de Nelas (ESN), foram distribuídos e selecionados poemas para todos os professores, que os leram nas salas de aula, escolhendo textos de acordo com a sua disciplina, estabelecendo pontes entre a literatura e diferentes áreas do conhecimento.
Na Escola Básica Dr. Fortunato de Almeida (EBFA), realizaram-se leituras animadas e dramatizadas de poemas de Luís de Camões, contando com a sua "presença" simbólica para recordar o seu legado literário e a importância do seu quinto centenário.
Entre os dias 24 março e 3 de abril, decorreu a 10.ª edição do Concurso de Leitura em Voz Alta, uma iniciativa já emblemática no calendário escolar do concelho de Nelas, promovida no âmbito da Rede de Bibliotecas de Nelas. O concurso envolveu os alunos do 3.º ao 6.º ano de escolaridade dos estabelecimentos de ensino do Agrupamento de Escolas de Nelas, contando com a participação de dezenas de alunos das escolas do 1.º Ciclo do Ensino Básico, bem como de alunos do 2.º Ciclo da EB Dr. Fortunato de Almeida.
As provas de leitura decorreram no Centro Escolar de Nelas e na biblioteca da Escola Básica Dr. Fortunato de Almeida, onde os alunos, previamente selecionados nas suas turmas, tiveram a oportunidade de demonstrar as suas competências de leitura expressiva.
De 10 a 17 de maio de 2025, o concelho de Nelas volta a ser palco de celebração literária com a realização da 9.ª edição do Elos – Festival Literário de Nelas. O evento resulta de uma organização conjunta do Município de Nelas e da Rede de Bibliotecas de Nelas, que integra a Biblioteca Municipal António Lobo Antunes, as bibliotecas escolares dos agrupamentos de Nelas e de Canas de Senhorim, a Biblioteca José Adelino de Canas de Senhorim e a Biblioteca da Fundação Lapa do Lobo.
O festival deste ano será dedicado à vida e obra de Maria Natália Miranda, escritora natural de Canas de Senhorim, distinguida por uma vasta produção literária que abrange poesia, literatura infantojuvenil e textos pedagógicos. Ao longo da carreira, a autora conquistou cerca de 400 prémios literários em Portugal e no estrangeiro.
O torto arado foi-me oferecido por uma amiga da minha mãe, dizendo-me que eu ia gostar muito. Não se enganou. É um livro do autor barsileiro Itamar Vieira Júnior, e como muita literatura barsileira que tive o prazer de ler, tem uma linguagem doce, cantada e encantada.
A história começa de forma violenta, macabra. Duas irmãs, crianças, brincam com uma faca e cortam a língua sendo que, para uma delas, o corte é fatal e não mais volta a falar, senão pela voz da sua irmã.
A obra espelha a vida dura dos trabalhadores das fazendas do Brasil, os contrastes entre a gente humilde e os senhores, proprietários que exploram a mão de obra do povo, após a escravatura. Mas nas entrelinhas surge a questão: acabou mesmo a escravatura? Oficialmente sim, mas na verdade a condição humana, na forma como nos é apresentada, não.
Gostei de ler sobre a vida simples, despida de adornos, sobre a condição do povo, cuja riqueza está nas suas crenças e tradições. Gosto do misticismo irracional das gentes e das almas antigas. Gosto do amor retratado de forma visceral, quase sem sentido, tão diferente da realidade dos filmes ou da nossa sociedade.
Esta obra espelha a também a aceitação de quem se é, de como se vive, a prisão da realidade. É um livro feito de escolhas e de tragédias da vida, que reflete a História do Brasil e do seu povo, nas profundezas rurais.
O enredo é cativante, o ritmo cálido e lento e a linguagem agradável. Quando terminei senti saudades de ler Jorge Amado.
Inês Barata
Emmanuel Manuel Noel