Vídeo retirado do site: https://50anos25abril.pt
O 8º Festival Literário de Nelas, intitulado "À Volta de António Lobo Antunes", decorreu entre os dias 12 e 20 de abril de 2024, como uma celebração da literatura com foco na promoção da leitura na comunidade escolar. Inspirado pelo autor português António Lobo Antunes, que possui vínculos com a Vila de Nelas, o evento apresentou uma ampla gama de atividades, incluindo encontros com autores, música, teatro, feira do livro e exposições. Destacando-se a interação dos alunos com escritores renomados como André Pereira, Isabela Figueiredo e Ana Filipa Correia, o festival também ofereceu atividades específicas para crianças do 1º Ciclo, como "Histórias Cantadas" e o espetáculo "Palavreando".
No dia 12 de abril, no Edifício Multiusos da Câmara Municipal de Nelas (CMN), deu-se início à 8ª edição dos "Elos com Concurso de Leitura em Voz Alta". Este evento congregou alunos do 3º ao 6º ano dos agrupamentos de Nelas e Canas de Senhorim numa competição que valoriza a expressão oral e o amor pela leitura. Para além disso, foram entregues prémios das "Cadernetas da Leitura" aos alunos do pré-escolar ao 4º ano do Agrupamento de Escolas (AE) Nelas, AE Canas de Senhorim e Jardim Escola João de Deus, reconhecendo o esforço e dedicação dos jovens leitores.
As Comemorações dos 50 anos do 25 de Abril têm como objetivo celebrar a conquista da liberdade e a consolidação da democracia. O Agrupamento de Escolas de Nelas e a Biblioteca Escolar desenvolveram um conjunto de atividades nas quais todos foram convidados a participar e a contribuir para a construção dos próximos 50 anos, onde a liberdade seja um valor fundamental para todos.
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O torto arado foi-me oferecido por uma amiga da minha mãe, dizendo-me que eu ia gostar muito. Não se enganou. É um livro do autor barsileiro Itamar Vieira Júnior, e como muita literatura barsileira que tive o prazer de ler, tem uma linguagem doce, cantada e encantada.
A história começa de forma violenta, macabra. Duas irmãs, crianças, brincam com uma faca e cortam a língua sendo que, para uma delas, o corte é fatal e não mais volta a falar, senão pela voz da sua irmã.
A obra espelha a vida dura dos trabalhadores das fazendas do Brasil, os contrastes entre a gente humilde e os senhores, proprietários que exploram a mão de obra do povo, após a escravatura. Mas nas entrelinhas surge a questão: acabou mesmo a escravatura? Oficialmente sim, mas na verdade a condição humana, na forma como nos é apresentada, não.
Gostei de ler sobre a vida simples, despida de adornos, sobre a condição do povo, cuja riqueza está nas suas crenças e tradições. Gosto do misticismo irracional das gentes e das almas antigas. Gosto do amor retratado de forma visceral, quase sem sentido, tão diferente da realidade dos filmes ou da nossa sociedade.
Esta obra espelha a também a aceitação de quem se é, de como se vive, a prisão da realidade. É um livro feito de escolhas e de tragédias da vida, que reflete a História do Brasil e do seu povo, nas profundezas rurais.
O enredo é cativante, o ritmo cálido e lento e a linguagem agradável. Quando terminei senti saudades de ler Jorge Amado.
Ana Markl
Isabela Figueiredo